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Jornal Diário de Suzano - 25/04/2024
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Colunista

Pegada Hídrica

22 junho 2017 - 08h00

A pegada ecológica diz respeito às marcas e vestígios que deixamos resultantes de uma ação. A Pegada Ecológica é uma metodologia contábil que mensura, quantifica e verifica a pressão do consumo dos indivíduos sobre a natureza e a capacidade de regeneração do meio natural (biocapacidade). Em outras palavras, a Pegada Ecológica indica o tamanho de área produtiva tanto de terra quanto de mar necessária para gerar bens, produtos e serviços para sustentar um determinado estilo de vida. Essa aferição tornou-se mais popular que o relatório que a acompanha. Além da Pegada Ecológica, também é possível medir a Pegada Hídrica que expressa o consumo de água envolvido na produção dos bens e serviços que consumimos. Por meio da Pegada Hídrica, empresas, famílias, indivíduos e órgãos públicos descobrem a quantidade de água necessária para a fabricação de produtos ao longo da cadeia produtiva. A pegada hídrica é um indicador interessante para percebermos, por exemplo, que ao aumentar nossas exportações de soja e de carne estamos, na verdade, exportando água que não é contabilizada no processo produtivo. Em 2016, a exportação de proteínas animais (carne bovina, suína e de aves) representou 20% das exportações do Brasil, enquanto a soja representou aproximadamente 6% do total das exportações. A indústria alimentar promove a dilapidação genética das espécies e a uniformização alimentar no mundo por meio de um cultivo baseado em agrotóxicos, adubos e sementes advindos da indústria química e petrolífera. Do ponto de vista produtivo, esse tipo de agricultura e de pecuária economizam em mão-de-obra por meio da mecanização do processo produtivo e desperdiçam em recursos naturais em decorrência do esgotamento e envenenamento da terra e excesso de demanda de recursos hídricos tanto superficiais quanto subterrâneos. Segundo o engenheiro Osvaldo Aly Júnior, para produzir 1 tonelada de legumes por meio desse tipo de agricultura, consome-se 1 milhão de litros de água; 1 tonelada de trigo, 1,45 milhão de litros; 1 tonelada de soja, 1,8 milhão de litros; e finalmente, para 1 tonelada de carne de gado bovino nesse tipo de pecuária extensiva, consome-se entre 15 milhões e 42,5 milhões de litros de água. Números mais próximos dos nosso dia-a-dia: para cada kg de açúcar de cana consome-se aproximadamente 1,8 mil litros de água; 1 kg de carne de frango, 4,3 mil litros de água; 1 kg de carne bovina, 15 mil litros de água. Esse tipo de relação entre consumo de água e produções diversas ajudam a compreender que, no processo produtivo, temos além organizações com capital intensivo ou com mão-de-obra intensa, aquelas com consumo de água intensiva. A Pegada Hídrica potencializa a verdade de que é preciso reduzir o consumo de água em nossas torneiras; mas antes de responsabilizar o indivíduo pelo consumo direto de água, também é importante que se observe que: 1.    A exportação indireta de água por meio do agronegócio que vem a passos largos destruindo florestas e cerrados e ocupando os Pampas deve ser repensada; 2.    A dieta cotidiana à base de proteína anima é, na verdade, predadora tanto dos animais abatidos quanto das águas dos rios e lençóis freáticos quanto das florestas transformadas em pastos; A Pegada Hídrica nos ajuda a perceber que o combate ao desperdício da água precisa ser feito em múltiplas escalas: no âmbito mundial; nacional; local. É preciso que os indivíduos tomem ciência de seus desperdícios, mas isso é pouco frente à necessidade das regulações nacionais e mundial.

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