Com elementos de humor negro, o filme “A Visita” investe no filão "nada é o que parece ser", ao seguir os passos de casal de irmãos enviado pela mãe para passar uma temporada na fazenda dos avós, uma dupla com hábitos perturbadores e assustadores, que pode colocar em risco a vida dos jovens. "Recuperei o gosto pelo thriller, que nada mais é do que jogar xadrez com o espectador", disse o diretor M. Night Shyamalan. Até que ponto a crítica negativa do filme “Depois da Terra”, uma de suas produções mais caras (de US$ 130 milhões) foi responsável pelo seu redirecionamento profissional? Quando me perguntei o que queria fazer com a minha carreira, a ideia de rodar filmes menores me pareceu boa por trazer um equilíbrio. Eu realmente não preciso de um grande trailer no set (risos). Também queria retomar as obras mais pessoais, em que conto minhas histórias. A ideia de “Depois da Terra” não foi minha (o argumento é de Will Smith, que estrela o filme de 2013 ao lado de seu filho, Jaden Smith), o que resultou em outra forma de trabalhar. Mas não vou reclamar disso. Ao me expor e correr riscos, acho que posso me tornar a melhor versão de mim mesmo. Como se sentiu sendo tão atacado por causa de alguns de seus filmes anteriores, que levaram à perda de confiança dos estúdios em você? Como artista, questiono o que faço o tempo todo. Contanto que meus valores estejam em meus filmes, estou em paz comigo. Aprendi que sempre haverá diversas narrativas para contar a minha trajetória. E nenhuma delas, boa ou má, corresponderá à verdade, por representar uma visão de fora. Acredito que ser famoso é nunca deixar a fase de garoto mais popular do ginásio, algo que não me faz falta. O meu trabalho é fazer filmes e continuar aprendendo, sempre. “A Visita” também foi um aprendizado, sobretudo em provar que um bom thriller não exige tantos recursos no set? Foi. Nas minhas mãos, quanto mais minimalista, mais eficaz é o suspense. Sem os excessos, percebo melhor quais os elementos realmente são importantes. Depois disso, é mais fácil deixar a trama incompleta, obrigando a plateia a participar, ao acrescentar a última peça do jogo. Um exemplo seria uma cena em que o público não sabe quem é o bom e o mau da história, mas consegue perceber quem é quem sozinho, antes do desfecho.