Depois de circular por cidades do interior e da região metropolitana de São Paulo, o Núcleo Teatral Opereta (NTO) volta a Poá para a última apresentação da peça "Almas Peregrinas", que será realizado neste sábado (1º), às 20 horas, no Teatro Municipal de Poá (Avenida Antônio Massa, 331 - Centro).
Esta exibição marcará o encerramento do projeto de circulação realizado por meio do Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. A entrada é gratuita.
Programação
Para celebrar os cinco meses em que o Opereta esteve em circulação com o projeto, para levar a atração teatral em espaços culturais diversificados o público poderá ver também a exposição fotográfica "Peregrinação", que reúne uma síntese do trabalho realizado neste período.
No acervo produzido pela fotógrafa Giulia Martins estão imagens de cenas do espetáculo, das rodas de conversa com o público e também da produção e making of da peça. A exposição será no saguão de entrada do Teatro Municipal com abertura às 15 horas.
No mesmo horário, o público poderá participar da roda de compartilhamento com as atrizes do Núcleo, com o tema, "A Expressão e Opressão do Feminino". A roda tem o objetivo de aproximar os espectadores do universo das personagens femininas do espetáculo. Após o encerramento do projeto de circulação, o grupo teatral analisa convites para se apresentar em outras localidades ainda neste ano.
Peça
O espetáculo é uma livre adaptação feita pelo grupo Opereta que nasceu da necessidade de aprofundar o contato com o universo latino-americano. Conta as várias histórias de uma cidade-fantasma.
Quando Juan promete a sua mãe à beira da morte, que voltará à cidade que ela deixou para trás quando ainda estava grávida dele, não imaginava que iria de encontro com o seu próprio fim. O principal motivo que o estimula a ir para Campo Lunar é o de conhecer seu pai, Rubão Barros, que foi um rico e poderoso fazendeiro daquela região. Juan não encontra seu pai, pois descobre antes mesmo de entrar na cidade que ele está morto, mas encontra um de seus meio-irmãos, que o conduzirá até a entrada da cidade.
Para grande desespero de Juan, ele descobre que a cidade está abandonada e que seus moradores têm aparência e jeito estranhos: todos estão mortos e seus espíritos vagam pela cidade, sem descanso, esperando pelo perdão dos seus pecados. O limite entre tempo e espaço se rompe e os habitantes da cidade revivem seus tormentos e suas vidas num movimento cíclico que nunca termina. É a maldição de Rubão Barros, que nunca teve o seu amor pela triste e solitária Suzana correspondido.
No elenco Anderson Borges, Camila Rafael, Dora Nunes, Edson Guilherme, Jhony Uriel, Marco Senna, Patty Nascimento e Priscila Klesse. A direção é de Ailton Ferreira. Temas como a relação de subserviência, a opressão ao feminino, a corrupção e as disputas pela terra compõem a trama. Os personagens estão presos nessa relação de opressor e oprimidos, numa contínua roda de autoflagelo.
A figura da mulher também é questionada; na peça as mulheres são oprimidas e transformadas em objetos, com exceção da personagem Dodema, que assume uma posição mítica e atravessa a história com pleno domínio das relações e goza de liberdade, como uma manifestação das antigas tradições femininas.