A crise hídrica do Alto Tietê, oficialmente decreta na última terça-feira, pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), preocupa o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). Segundo o diretor do órgão na região, José Francisco Caseiro, o setor papeleiro deve ser o mais afetado com o agravo da escassez da água. Ele explica que no Alto Tietê, há indústrias que possuem outorgas para captação direta no Rio Tietê, dentre as quais se destaca o setor de papel, "e elas seriam altamente impactadas em um caso de restrição do uso da água". Há outras, porém, que possuem poços artesianos ou usam água do sistema público, entre estas empresas está o Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae) e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que podem sofrer reflexos menores. O Alto Tietê reúne cerca de duas mil indústrias de transformação. Os agricultores também estão preocupados com a crise e como isso pode afetar a produção (veja mais em matéria abaixo). "A indústria avalia o atual momento com apreensão e expectativa sobre os desdobramentos que virão após o Estado decretar a crise hídrica no Alto Tietê. Ainda não sabemos quais serão as medidas a serem adotadas, mas temos ciência de que a indústria local possa, a exemplo do que já ocorreu em outras regiões, sofrer uma restrição na disponibilidade hídrica", explica. A expectativa do Ciesp é que caso seja necessário um processo de redução nas captações de água, ele seja discutido previamente com os setores envolvidos para uma negociação. "É fundamental que as medidas de restrição, se forem mesmo necessárias, ocorram de forma gradativa para evitar uma paralisação total da produção. Não podemos esquecer que a situação atual da indústria já é bastante difícil e um eventual racionamento pode agravar ainda mais o quadro", alerta. O diretor completa que as possíveis perdas do setor só poderão ser melhores avaliadas quando houver o anúncio das medidas a serem adotadas pelo Estado.