sábado 20 de abril de 2024Logo Rede DS Comunicação

Assine o Jornal impresso + Digital por menos de R$ 34,90 por mês, no plano anual.

Ler JornalAssine
Jornal Diário de Suzano - 20/04/2024
Envie seu vídeo(11) 4745-6900
Cidades

Produção de hortaliças pode reduzir até 60% com frente fria

Queda de consumo já fez as vendas caírem 20%, segundo estimativa de produtores de Suzano

26 maio 2018 - 21h27Por Marília Campos - De Suzano
A recente frente fria que avançou na região nos últimos dias pode gerar a queda de até 60% na produção de hortaliças na zona rural de Suzano. A estimativa é dos produtores do bairro Casa Branca, que também apontam a diminuição do consumo como fator ao declive de vendas nesta época do ano, que já chega à percepção de 20%. 
 
O agricultor Cleiton Dias trabalha na produção de hortaliças, como alface, couve-flor e repolho. O produtor explica que a frente fria pode ocasionar geadas, que queimam as folhas desses alimentos, sendo a alface crespa a mais frágil delas nesta época do ano. Por semana, a comercialização dos produtos chega a 250 caixas, com 60 unidades cada, por R$ 50.
 
"A produção pode reduzir pela metade. As hortaliças são frágeis demais ao frio e ao sol excessivo", alertou. "No começo, o preço tende a diminuir pela baixa procura de consumo, os feirantes não vendem. Depois, com a queda na produção, o preço fica mais caro. Aí eu não tenho ideia", estipulou o agricultor que vende para clientes em Suzano, São Paulo, Mauá e Ribeirão Pires.
 
Uma eventual geada, juntamente com a queda do consumo, pode reduzir a produção de hortaliças a 60%. É o que diz o produtor rural Carlos Quadra. "A gente não para com as hortaliças, mas diminuímos porque o consumo cai. Não tem perdas".
 
O agricultor acredita que o controle de vendas flutua nesta época do ano, sem saber precisar quanto deve vender. Contudo, adota o sistema de rotação de cultura, de maneira a diferenciar o cultivo de alimentos. "Priorizamos a plantação de escarola, repolho, couve-flor e as raízes, como beterraba e cenoura. São os produtos que mais agüentam a época de frio". 
 
Já o agricultor Airton Tome já percebeu a redução de 20% nas vendas, causada majoritariamente pela queda de consumo, e não pelas condições climáticas. "Ainda é cedo para falar de perdas pelo clima, temos apenas uma semana de queda de temperatura. Está tudo dentro do esperado, até então. O pior inverno para minha produção foi em 1996, quando passamos por quatro dias de geadas e uma média de 50% de perda", disse o produtor, que tem como foco o agrião, mas aposta no ciclo de couve-flor e brócolis para amenizar os impactos deste período frio. 
 
Alternativa
 
Os dias frios têm preocupado a comunidade de agricultores suzanenses, que temem a já prevista redução no cultivo de hortaliças. De acordo com o presidente do Sindicato Rural da cidade, Ricardo Suchiya, a rotação de cultura. Ou seja, apostar também no cultivo de outros alimentos que melhor de adaptam ao período de inverno. "No caso, hoje seria as produções de repolho, couve manteiga, couve-flor e as raízes", disse. 

O método é indicado para driblar os impactos negativos das condições climáticas, além da queda no consumo verificada durante esta época do ano. 

"Na realidade, o inverno chegando, não perde nenhuma produção", explicou o presidente. "Com a frente fria, a produção tende a diminuir". Segundo Ricardo, o congelamento impede o crescimento das hortaliças. Contudo, nenhum pico de geada a menos de quatro graus foi registrado neste ano. Logo, a maior preocupação é com o baixo consumo desses produtos durante os dias frios. "A demanda do produto é a baixa, a população não consome".

Suzano conta com uma média de 240 produtores rurais, sendo as hortaliças o carro-chefe das produções na cidade. A fim de evitar perdas, a entidade indica a rotação de cultura nas plantações. 
Apesar das reduções, Suchiya afirma que não espera grandes impactos neste ano. "Geralmente, a demanda diminui nessa época do ano. Com as perdas, que podem existir, elas não chegam a causar prejuízo ao produtor". 

O líder sindical finaliza dizendo que o melhor conselho é mesmo a boa prática da agricultura. "Nossa produção é preparada para isso. A cada ano, faz um melhoramento, dependendo do período. Não existe uma recomendação, nós temos cultivado o ano todo".