quinta 25 de abril de 2024Logo Rede DS Comunicação

Assine o Jornal impresso + Digital por menos de R$ 34,90 por mês, no plano anual.

Ler JornalAssine
Jornal Diário de Suzano - 25/04/2024
Envie seu vídeo(11) 4745-6900
Análise do ex-comandante da PM

Só três cidades da região conseguiriam lockdown igual ao de Araraquara

Especialista mora em Araraquara e diz que Ferraz e Itaquá teriam dificuldades em aplicar o 'fechamento total'

07 março 2021 - 05h00Por Daniel Marques - de Suzano
O ex-comandante da Polícia Militar (PM) da região, Wagner Tadeu Silva Prado, está vendo de perto uma situação que poderia acontecer no Alto Tietê, caso o número de infectados e mortes siga crescendo e os hospitais entrem em colapso. 
 
Prado mora em Araraquara, cidade do interior de São Paulo, e que está em lockdown desde o dia 21 de fevereiro. Segundo ele, apenas as cidades de Suzano, Mogi e Guararema conseguiriam realizar o lockdown de Araraquara (leia matéria abaixo).
 
Mesmo com a paralisação total, a situação dos hospitais da cidade interiorana segue crítica. Dados atualizados na última quarta (3) pelo Comitê de Contingência do Coronavírus de Araraquara, apontam que o município tem 94% dos leitos de enfermaria e 86% dos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados. O balanço considera hospitais públicos e privados.
 
Prado falou sobre a situação no município em que reside atualmente. Durante os três a quatro primeiros dias, o lockdown parou praticamente tudo em Araraquara. Mercados foram fechados, bem como postos de combustíveis e demais serviços. O transporte público também parou.
 
Nos dias que antecederam a paralisação, a população correu para os supermercados e para os postos. Houve aglomeração e filas nos locais. 
 
“Quem trabalha nos serviços essenciais teve e ainda tem dificuldades para chegar, por conta do transporte público. Muitos têm que tirar dinheiro do bolso para pagar aplicativo, para conseguir ir ao trabalho”, destacou Prado.
 
De acordo com o policial da reserva, a população de Araraquara respeitou o lockdown. Com abordagens por parte das forças de segurança da cidade, as pessoas precisam dizer para onde estão indo. 
 
Depois do "baque" inicial, os supermercados começaram a voltar gradualmente, bem como os postos de combustíveis. O transporte público também está em vias de retornar.
 
Recomendação
 
Dada a importância de uma estrutura capaz de suportar dias completamente parados, Prado recomenda que as cidades se preparem para um possível lockdown. Ele pede para que os municípios da região comecem a se preocupar com contratações temporárias de pessoas que podem trabalhar em serviços essenciais na pandemia.
 
“Isso serve de alerta para outros municípios, porque a cepa de Manaus chegou aqui e vai chegar em outros lugares. Os municípios precisam começar a fazer um planejamento estratégico efetivo, para que as consequências sejam menores do que já estão sendo e para que isso que está acontecendo aqui não aconteça em mesmo grau em outras cidades”, recomendou.
 
Oficial destaca importância das GCMs em eventual ‘fechamento total’
 
O ex-comandante da Polícia Militar (PM) do Alto Tietê, Wagner Tadeu Silva Prado, disse que as Guardas Civis Municipais (GCMs) são essenciais para um possível lockdown e que algumas cidades da região teriam dificuldades para controlar a circulação de pessoas nas ruas.
 
Prado comandou a PM da região entre 2018 e 2020, até dar lugar ao atual comandante, coronel José Raposo de Faria Neto. Ele se aposentou e, atualmente, mora em Araraquara – município do interior de São Paulo e que está em lockdown há quase duas semanas.
 
O ex-comandante conhece o sistema de segurança do Alto Tietê e sabe bem o que é necessário para uma fiscalização efetiva durante um lockdown. Ele é contra a medida de paralisação total e defende um isolamento vertical, mas disse que caso haja paralisação total no Alto Tietê, Itaquaquecetuba e Ferraz de Vasconcelos sofreriam para controlar a circulação de pessoas nas ruas.
 
“A PM não dá conta nem de atender o 190 em horário de pico. Isso é um fato. Contar com a PM para isso (fiscalização) não vai ser fácil, é ‘tapar o sol com a peneira’. Ou seja, quem tem que fiscalizar é a GCM, e tem município aí no Alto Tietê que não tem”, disse o ex-comandante, citando as duas cidades em seguida. “Itaquá e Ferraz têm Guarda reduzida, um problema social gigantesco, pouca receita e não possuem monitoramento. Aí é para 'dobrar o joelho e rezar'”.
 
Na ótica dele, três cidades teriam um pouco mais de facilidade para conseguir monitorar as pessoas nas ruas. “Mogi das Cruzes - que tem a GCM mais estruturada do Alto Tietê -, Suzano e Guararema, que possuem centrais de monitoramento. Poá (se tivesse inaugurado a sua) também teria”, disse Prado.
 
Por diversas vezes, Prado disparou críticas às autoridades que visam tratar todas as cidades da mesma forma durante a pandemia. Ele disse que os prefeitos têm que ter autonomia para decidir o que será feito em cada município, com base nas características de cada um.
 
“Tudo o que for adotado no Alto Tietê tem que ser conversado antes. Parece que tem governante no município e no Estado que quer que a situação arrebente para depois jogar a culpa no presidente. Estamos em uma situação delicada e difícil. Não sabemos onde isso vai terminar. Precisamos de um conjunto de ações dos governantes e da população”, afirmou.
 
Prado é ex-comandante da PM no Alto Tietê
Prado é ex-comandante da PM no Alto Tietê - Arquivo/DS