No início do século passado, em uma cidadezinha do sul da Itália, havia um homem de idade avançada que era cobrador do pedágio que funcionava em uma ponte estreita.
Para facilitar, o idoso residia em uma cabana bem próxima do local. No período noturno, principalmente no inverno, ele costumava baixar a cancela e ir dormir perto da porta de entrada de sua casa. Em uma ocasião, um viajante que queria atravessar a ponte não encontrou ninguém para liberá-la, assim, bateu à porta da casa ao lado: "Estou indo", respondeu o ancião.
Passados cerca de cinco minutos, o viajante bateu novamente e ouviu a mesma resposta: “Já estou indo”. Mas o cobrador do pedágio não aparecia.
Por fim, o viajante perdeu a paciência, abriu a porta da cabana e gritou:
"Tem quase meia hora que o senhor diz 'estou indo', mas me deixa esperando lá fora". O idoso levantou-se apressadamente e tentou se desculpar:
"Estou tão acostumado com as pessoas batendo à porta, que mesmo dormindo respondo estou indo".
2016 já foi inaugurado. Todo ano novo gera expectativa de mudanças. Nos comprometemos na passagem do réveillon com metas que vão desde emagrecer, e para isso, começar algum tipo de atividade física, como buscar novas alternativas de rendimento e trabalho, sem esquecer da esfera sentimental.
O problema é que nos anos anteriores os pedidos foram parecidos ou idênticos, e o que aconteceu?
Assim como na estorinha que narrei, muita gente pode responder:
“Estou indo”... mas na verdade “continua na cama”, ou seja, inerte, sem colocar ação no universo. A isso chamo de “zona de conforto”; mesmo desejando coisas novas na vida, o medo do novo ou do fracasso imobiliza e amarra a pessoa no mesmo local.
O “novo” nos faz seguir adiante.
A “mesmice” e a rotina de vida nos paralisa. O erro é querer dominar o desconhecido. Mais inteligente é ter a humildade de aprender coisas novas com o desconhecido.
Para finalizar a reflexão, deixo pensamento da escritora Clarice Lispector: "Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento".