Estava na praia observando duas crianças construindo um castelo de areia. Estavam fazendo torres, passarelas e passagens internas. Quando estavam quase acabando, veio uma onda e destruiu tudo; o castelo foi reduzido a um monte de areia e espuma. Achei que as crianças cairiam no choro depois de tanto esforço e cuidado, mas tive uma surpresa. Em vez de chorar, de mãos dadas, fugiram da água correndo para a praia. Minutos depois, sorrindo e felizes, começaram a construir outro castelo.
O amigo leitor percebe a poderosa mensagem contida nessa simples cena infantil? Gastamos muito tempo de nossas vidas construindo algumas coisas e mais cedo ou mais tarde uma onda poderá vir e destruir o que levamos tanto tempo para erguer. Pode ser o anúncio de demissão do emprego, fim de um relacionamento afetivo ou até mesmo a subtração de veículo sem seguro. Qual reação o leitor teria nessas situações?
Entendo que devemos aprender muitas lições com as crianças.
Elas se contentam com aquilo que têm no momento. Por vezes choram pelo brinquedo que quebrou ou pelo castigo que receberam dos pais, mas em questão de minutos já estão com sorriso nos lábios buscando algo para brincar.
Perdas fazem parte da vida e classifico-as como dor. Por outro lado, a interpretação desse acontecimento chamo de sofrimento. A dor não podemos evitar; acontece sem a nossa vontade. Mas o sofrimento é nossa responsabilidade.
O sofrimento é criado por causa da dor e figura no campo da imaginação. Conheço pessoas que foram demitidas e ficaram quase um ano sofrendo, paralisadas e lamentando a perda.
Outras, no dia seguinte já buscavam recolocação. Quem será que estará empregado primeiro? O mesmo acontece com o fim de um casório. Alguns, por não encararem bem a perda, se deprimem e sofrem por período extenso. Encontramos também aqueles que interpretam como um ciclo encerrado e viram a página.