Alguns amigos de infância se reuniam pelo menos uma vez por semana em um bar. Os encontros já aconteciam há muitos anos, mas em dado momento, um dos integrantes, sem dizer o motivo, deixou de aparecer.
Depois de algumas semanas, um dos amigos, integrante desse grupo, decidiu visitá-lo.
Era uma noite muito fria! O amigo o encontrou em sua casa, sozinho, sentado diante da lareira.
Já imaginando o motivo da visita do amigo, lhe deu as boas-vindas, ofereceu uma cadeira grande a seu lado e ficou quieto. Nos minutos seguintes houve um grande silêncio; os dois homens somente admiravam a dança das chamas em volta dos troncos de lenha que queimavam.
Depois de alguns minutos, o amigo visitante examinou as brasas que se formavam e, cuidadosamente, escolheu uma delas, a mais incandescente de todas.
Empurrou-a para fora do fogo e sentou-se novamente. Por longos minutos permaneceu silencioso e imóvel.
O anfitrião prestava atenção a tudo e ficou um tanto ressabiado. Dentro de pouco tempo, a chama da brasa solitária diminuiu, até que após um brilho discreto e momentâneo, seu fogo se apagou definitivamente.
O que antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um frio pedaço de carvão recoberto de uma camada cinza espessa. Nenhuma palavra tinha sido pronunciada desde a protocolar saudação inicial entre os dois amigos. Antes de preparar-se para ir embora, o amigo visitante movimentou novamente o pedaço de carvão já apagado, colocando-o novamente no meio das brasas quentes.
Quase que imediatamente, o carvão voltou a desprender-se em uma nova chama, alimentado pela luz e o calor das labaredas dos outros carvões.
Quando o amigo visitante se aproximou da porta para ir embora, o anfitrião lhe disse: "Obrigado pela sua visita e pelo belíssimo sermão".