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Jornal Diário de Suzano - 18/04/2024
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Coluna

A recíproca da mãe Terra

19 outubro 2021 - 05h00

Então não nos preocupamos com a nossa casa... É como se tivéssemos outras tantas para mudar quando esta não mais nos servir...
Ah! Mas não é assim! Ela é nossa única morada, parece um imenso globo a circular no espaço, mas é finito, tem limites, apesar de nos parecer assim tão imenso...
Produzimos lixo e todo tipo e em quantidade, sem nos preocupar aonde vamos nos desfazer dele, pode ser em qualquer lugar, pelo caminho, na calçada do vizinho que mudou, não importa é só não ficar com ele em casa...
As praias são tão grandes que se jogarmos uma garrafa, uma bituca de cigarro ou um saco plástico com fraldas sujas ou outro tipo de lixo não fará nenhum mal...
Utilizamos água à mão larga, torneiras abertas elas correm livremente, não nos preocupamos com o seu custo para chegar até nós, o trabalho para o tratamento desde sua captação, parece que esse líquido é infinito e podemos utilizar à vontade...
Árvores só servem para sujar as calçadas com suas folhas e flores, dão muito trabalho, além disso, passarinhos se alojam e nelas fazem seus ninhos, provocando alvoroço ao amanhecer com seu barulho, então melhor calçadas limpas, o ar limpo e o oxigênio se produzem tranquilamente sem nosso auxílio...
As florestas podem ser devastadas, afinal criar animais para nosso alimento é mais importante, podemos queimá-las também ou produzir lindos móveis com as suas madeiras...
E assim tratamos a nossa maior casa, com desdém e descuido...
Ela até que suportou bem durante anos esse descaso, mas agora nos últimos tempos está mais sensível, talvez até um pouco mais revoltada...
Ali o mar lambe com violência as encostas destruindo casas, prédios, independente da solidez com que foram construídos... Vai lavando e levando tudo, deixando à vista os ferros que um dia sustentaram construções fortificadas, ficam à mostra também imensas raízes de árvores engolidas pela força das marés...
Por vezes, talvez enjoada com nosso tratamento, ela sofre uma revolta em seu interior e sacode tudo aqui do lado de fora em forma de terremoto, que tira tudo do lugar, abre fendas, causa tsunamis, as construções se assemelham a pequenos brinquedos infantis, se desfazem.
Acolá um vulcão se lembra do seu poder, que vinha guardando em silêncio, sendo cozido numa imensa panela e resolve assim, de repente, jogar tudo para o alto e lá vem aquela imensidão de lava incandescente descendo o morro lambendo tudo que encontra pelo caminho e que possa estorvar sua passagem... Assemelha-se a uma rede de veias avermelhadas que seguem sagazes rumo ao mar, onde seu calor se espalha e lança um ranço venenoso que mata e destrói tudo que alcança...
As chuvas tão necessárias chegam acompanhadas de ventos fortes e uivantes que carregam os telhados como se fossem lençóis no varal, quando amainam as casas estão alagadas e destruídas, os veículos balançam nas ondas das águas que levam tudo...
Nosso desrespeito está nos custando caro e, não temos outra casa para mudar, quando muito alguns poucos podem se exibir passeando pelo espaço, mas não podemos trocar de moradia,
A Terra é nosso planeta, nós humanos a habitamos e por não a tratarmos com amor a estamos destruindo...
Acredito que é tempo de acordarmos e fazermos alguma coisa para merecer essa grande moradia, a única que temos de fato e que ainda nos acolhe...