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Jornal Diário de Suzano - 19/04/2024
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Coluna

Abraços e beijos

20 outubro 2020 - 05h00
Em tempos de isolamento, agradecemos a tecnologia, afinal, podemos ver e conversar com nossos familiares queridos e agora tão distantes, olhar apreciar seus sorrisos felizes por nos verem e poderem conosco conversar e partilhar seus momentos.
Nossos pequenos aparelhos, agora inseparáveis se tornaram importantes demais para nossos diálogos diários com aqueles que amamos e que para nos preservar ou para serem preservados ficam no interior de suas casas, em seus afazeres que parecem intermináveis.
Enquanto conversam conosco pela vídeo chamada, podem andar pela casa e podemos observar que tudo está em ordem e impecavelmente limpo, afinal o que mais temos agora é tempo para organizar nossas coisas.
Podemos conversar enquanto fazemos nosso lanche ou partilhar com eles o que fizemos para o almoço, curtindo a carinha de alegria ou perceber que gostariam de se deliciar saboreando conosco a iguaria.
Podemos também mostrar nosso carro novo, aquela roupa que acabamos de comprar pela internet e outras coisinhas que pudemos providenciar usando essa tecnologia, que em outros tempos parecia tão difícil de entender e não confiável...
Agora até mesmo as compras de supermercado podemos fazer usando nosso pequeno e útil aparelho celular.
Matamos a saudade, conversamos, contamos as novidades e ficamos sabendo de outras tantas, entretanto, sempre fica faltando alguma coisa, uma sensação de que a saudade ainda está ali, apesar da conversa longa, dos risos e das palavras consoladoras de ambos os lados.
Podemos nos ver, nos falar e ver o que nos mostram naquela pequena telinha colorida, mas o mais importante não conseguimos e isso sempre nos deixa insatisfeitos...
O celular ou o computador que utilizamos não substitui de maneira nenhuma o abraço forte, o beijo carinhoso que trocávamos em outros tempos e isso não tem como mudar.
Esse distanciamento não permite esse aconchego gostoso de que nós brasileiros estamos acostumados, não basta, se ver, temos que nos tocar, sentir o calor do corpo daquele ser que amamos, sejam nossos país, tios, primos, irmãos ou amigos.
Sem esse contato mais próximo ainda nos sentimos completamente solitários, como se a vida ficasse incompleta.
Enquanto sonhamos com o final salutar dessa pandemia, com a descoberta de uma vacina que nos deixe imunes ao vírus mal humorado e ceifador de vidas, imaginamos os reencontros cheios de amor, de abraços longos, de beijos estalados nas bochechas...
Esse isolamento e todo esse arsenal de cuidados acabaram impedindo as visitas, os cafezinhos e longos papos, impediu que víssemos pela última vez com vida aquele familiar ou amigo que fez sua última viagem em meio a essa pandemia, que ainda buscamos entender e aceitar.
Já vemos pessoas menos temerosas, se soltando nas conversas nos barzinhos nos finais de semana, sem nenhum cuidado, vemos as praias cheias de gente, como se tudo já estivesse superado.
Vemos e ouvimos as notícias do novo ataque do vírus em países onde tudo parecia ter acabado e, imaginamos se aqui vamos ficar definitivamente na fase verde ou azul, livres de qualquer contagio...
Enquanto isso sonhamos com longos abraços e beijos estalados...