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Jornal Diário de Suzano - 19/04/2024
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Coluna

Dias difíceis

05 abril 2022 - 05h00

O senhor que me auxilia há anos comenta o aumento do preço do pão, mesmo aposentado e ainda trabalhando sabe que está difícil manter os alimentos básicos na mesa da sua casa e não é diferente do que está acontecendo na mesa de todos os brasileiros que vivem de salário, mesmo aqueles que ganham um pouco melhor.
O pão e o café duas coisas básicas para iniciar o dia estão com preços absurdos, mesmo sendo o café plantado e colhido aqui em nosso solo, não carecendo de importação e ainda acrescido legalmente de uma porção de outras coisas em sua moagem, o que deveria sim diminuir o seu valor nas prateleiras dos nossos mercados, pois, afinal café puro e de excelente qualidade é exportado, como tudo de melhor que produzimos.
Com um café ralo no estomago o brasileiro toca sua vida, afinal não dá para ficar parado, com emprego ou sem tem que buscar ganhar o que chamamos de pão de cada dia, mesmo que esse pão já não faça parte da mesa de muitos...
Em casa a família vai ter que se contentar com arroz, feijão, legumes e talvez ovos, tudo encareceu e, tornou minguadas as refeições do povo de maneira geral.
Nos supermercados vemos agora com uma frequência muito maior que em outros tempos as pessoas com lista de compras e calculadora na mão, às vezes tiram certos itens da prateleira, mas antes de colocá-los no carrinho, fazem o calculo se vai caber no orçamento e vemos muitas devoluções, que se estiverem com crianças, estas não insistirão como faziam, apenas entristecerão sua fisionomia, cientes de que os pais irão buscar uma alternativa mais em conta para satisfazê-los.
Apesar do número de pessoas possuidoras de veículos aumentarem sensivelmente ano após ano, os meios de transportes, também inflacionados estão sempre superlotados, afinal é mais barato substituir o conforto e a comodidade do veículo próprio pelo uso do transporte, mesmo cheio e muitas vezes em pé até o final do percurso que consome toda a energia, deixando o dia mais cansativo e sua produção no trabalho menos eficiente.
Mal alimentado, cansado, produzindo com menos qualidade, ganhando mal ainda corre o risco de perder seu emprego, de onde advém o sustento de sua família.
É certo que ainda vemos pessoas felizes reunidas em barzinhos nos finais de semana ouvindo música e rindo aparentemente sem motivo, mas esses aparentemente não tem preocupação com a família e levam a vida com mais leveza, sem as responsabilidades que chegam com o tempo.
A todas essas dificuldades ainda vemos aquelas pessoas que apesar de muito lutarem não conseguiram manter o pagamento do aluguel, da casa ou até mesmo do barraco na comunidade e assim famílias inteiras se transformam em moradores de rua, aumentando o número daqueles que se abrigam sob as marquises dos prédios, que fazem fila nas portas dos órgãos assistenciais em busca do cobertor e do alimento que irão preparar em fogões de lenha improvisados talvez num terreno ou espaço abandonado. Assim aumenta a cada dia a fila dos invasores de prédios públicos, de pedintes que se estabelecem nas esquinas, nas calçadas e nas portas das casas, tornando mais sombrio o futuro de cada um.
Num país onde tudo que se planta nasce, que possui milhões de cabeças de gado, que produz quase tudo que vai para a mesa é insuportável essa situação que vivenciamos... Nos tira a esperança, mas não nos faz perder a fé em dias melhores...