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Jornal Diário de Suzano - 18/04/2024
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Coluna

Divagando

23 março 2021 - 05h00
E chegou o final de semana e estou pensando no assunto que vou abordar em meu artigo semanal, fico aqui equilibrando minhas ideias...
Não queria falar sobre a pandemia, sobre esse vírus, queria ter uma brecha para falar de boas coisas, mas está difícil diversificar os assuntos...
Repasso em minha memória o que vivenciei durante estes últimos dias, assim certamente encontrarei assunto farto...
Lembrei que em minha vizinhança tem um gato que afronta os cachorros e os deixa completamente irritados, vem pelo telhado serelepe, saltando e fazendo as telhas se movimentarem com seu peso, apesar de sua agilidade, aí desce para o muro e lá de cima observa os passarinhos que felizes se alimentam no comedouro indo e vindo da arvore mais próxima, lógico que eles são cautelosos e voam longe do alcance do bichano que está ali esperando um deslize de um deles para encher a barriga.
As vezes o observo à noite, quando volta e vem pelo alto do muro com seu caminhar dengoso, o vento balança suavemente algumas folhas e ele para e delicadamente tenta segurar as folhas mais próximas... Ali parece inofensivo e carinhoso...
De volta aos meus pensamentos, minha memória traz a imagem de algumas pessoas conhecidas, de alguns amigos que nos últimos dias nos deixaram, fizeram sua última viagem...
O motivo de suas partidas não foi só a COVID, algumas perderam a batalha para o câncer que há anos ceifa muitas vidas, outras jovens ainda enfartaram talvez devido ao estresse dos tempos atuais e muitas por conta desse vírus invisível, do qual só vemos o resultado de seus ataques.
Lembro que alguns amigos estão internados em tratamento intensivo nos hospitais, muitos entubados, de barriga para baixo para que possam ter um aumento da capacidade pulmonar, em coma, sem consciência do mal que enfrentam, enquanto suas famílias e amigos se unem em orações clamando por sua recuperação...
A memória me traz as imagens de minhas plantas verdinhas, alegres com o novo espaço que conquistaram no quintal e, penso que posso semear ali mais algumas coisinhas, talvez umas sementes de quiabo, de pimenta, de abobrinha italiana que não ocupa muito espaço... Ah! Tem a parreira que vem se expandindo dia após dia, esticando seus galhos que vão suavemente se segurando em tudo que encontram pelo caminho, o importante para ela é crescer.
Mas, infelizmente não consigo manter a mente em assuntos felizes, afinal as cenas que vemos quando saímos sempre nos afetam... O trânsito ainda carregado dos últimos dias com pessoas se movimentando num vai e vem cheio de urgência chama a atenção por um tipo de veículo que só víamos raramente tempos atrás e, normalmente puxando um cortejo de vários carros a caminho de algum cemitério...
Agora a visão deles nos chama a atenção, podemos observar vários deles que cruzam conosco, uns indo outros voltando, sempre solitários, mas sabemos que ali segue alguém, sem cortejo e sem companhia, nos parecem sombrios, percebemos a sombra do esquife fechado, seguem céleres a caminho do cemitério...
Mal podemos fazer uma oração e, logo outro passa por nós, só nos resta mentalizar um pensamento de paz e descanso para quem partiu e desejar que aqueles que ficaram sejam consolados pela fé e a esperança do reencontro futuro.