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Jornal Diário de Suzano - 20/04/2024
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Coluna

Empatia sempre

08 junho 2020 - 23h59
Vivemos atualmente num ambiente demasiadamente crítico, não conseguimos ver uma situação qualquer com bons olhos, tudo merece nossa observação criteriosa pelo pior dos ângulos, logo nos tornamos juízes acreditando que conhecemos o assunto com profundidade para poder dar nosso veredito.
Fica difícil conviver numa sociedade onde as pessoas não buscam olhar primeiro para si mesmas, antes de condenarem as demais pelas somatórias de atitudes coletivas. Pelo resultado negativo de uma reunião ou de uma situação.
Se vemos alguém sendo maltratado, logo decidimos que está a merecer aquele tratamento ignominioso, pois, certamente fez algo errado e isso é genérico, tanto faz estar acontecendo com pessoas ou animais... A insensibilidade parece ser a companheira frequente de grande maioria, com raríssimas exceções.
Uma médica não suportando o barulho e necessitando descansar para o próximo plantão foi reclamar e por esse motivo foi vilmente atacada por homens e mulheres que nem sequer se sentem desprezíveis pelo que fizeram as desculpas esfarrapadas não convencem os mais lúcidos e o resultado dessa discussão foi catastrófico para somente uma pessoa...
Um homem negro é morto sob o olhar complacente de muitos na rua, que observam e até filmam a atitude dos policiais que se mantém de joelhos sobre ele para imobilizá-lo, um deles está com os joelhos em seu pescoço e, mesmo diante de pedidos desesperados de que não conseguia respirar, nenhum movimento facilitador para este ato simples de manter a vida aconteceu, não houve nenhuma interferência daqueles que assistiam, permitindo a morte pública em condenação sumária por ter desrespeitado uma lei, que tantos outros desrespeitam sem receber o mesmo tipo de punição letal.
A mulher grita pedindo socorro no interior de sua residência, os filhos choram e imploram para o pai parar com as agressões e ninguém quer interferir, já entenderam que de alguma maneira ela merece aquela punição, afinal ninguém sabe o que ela fez, não convivem com ela e o homem ali violento é um cavalheiro fora do lar, certamente a razão está ao lado dele, presumem e se afastam...
Aquele ser maltrapilho, sujo, sem dentes e de aspecto sofredor deve morar na rua porque assim o fez por merecer, julgamos precipitadamente, sem nem mesmo conhecer sua história, sua vida ou sequer o seu nome e, buscamos manter distância, principalmente nos tempos atuais onde tememos até mesmo o abraço de pessoas queridas.
O animal amarrado e jogado no monte de lixo certamente atacou alguém, mordeu e machucou por esse motivo merece aquele castigo cruel, que o mantém com a boca amarrada, impedindo até de se alimentar, condenado a morte cruel e demorada... Mas nosso julgamento sempre precede a possibilidade de ajuda.
Não temos solidariedade com nada nem com ninguém, apesar de uma parcela da sociedade se unir para distribuir cestas básicas, alimentos prontos para forrar o estomago e aquecer o corpo, doar roupas que seriam descartadas, essa parcela de pessoas generosas é ínfima quando analisamos de maneira geral...
A empatia, a faculdade de compreender de estender os braços, de se colocar no lugar do outro antes de julgar inexiste em muitos de nós, infelizmente...