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Jornal Diário de Suzano - 16/04/2024
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Coluna

Equívocos

15 junho 2021 - 05h00

Pensa num susto...
Ainda é madrugada quando o telefone toca na sua cabeceira, meio acordada e meio dormindo estendo a mão para atender, o coração parece que vai saltar pela garganta... 
Para tocar essa hora deve ser alguma urgência de alguém que normalmente não faz uso do celular, por certo um familiar mais distante ou talvez um desses trotes, em que contam com seu estado de ansiedade e ao mesmo tempo de sonolência para levar alguma vantagem...
Atendo intranquila, afinal sempre temos na família alguém que já tem idade avançada ou que está adoentado e, do outro lado uma voz que parece bem disposta pergunta pelo pai.
Pergunto com quem ela quer falar, pois, sei que não se trata de alguém conhecido, ninguém liga da sua própria casa para alguém que está no quarto ao lado.
Ela repete que quer falar com o pai, quando respondo que sequer imagino quem seja, fica nervosa, logo me diz que estou com má vontade...
Estou ainda acordando, não consegui controlar os batimentos cardíacos e tenho que procurar manter calma, do outro lado da linha tem uma pessoa que parece estar estressada e tenho que tentar esclarecer que não conheço quem ela procura.
Após respirar fundo, deixo claro que não conheço seu pai, que ligou para um número diferente daquele que deveria e já me preparo para desligar, ela reconhece que de fato ligou por engano e desliga abruptamente...
Fico ali uns instantes sem devolver o aparelho para a base, enquanto penso no que fazer, final o susto foi grande e não vou conseguir voltar a dormir, além disso, o som do telefone naquele horário acordou outras pessoas em casa que já estão querendo saber o que houve, quem era e o que queria. 
Ainda estou tentando organizar meus pensamentos e as respostas as perguntas e, me levanto, já iniciando um diálogo com os interlocutores, enquanto me reprogramo para iniciar o dia.
Situações como essas são muito mais frequentes do que parece e muitos de nós já a vivenciamos nos mais diversos horários e formas, mas sempre nos desestabilizam.
Nos tempos atuais é comum recebermos trotes de pessoas que se passam por jovens que desejam falar com seu pai ou mãe ou que já iniciam a conversação gritando pedindo por socorro, e assim nos tiram dos eixos, para logo em seguida dizer que estão sendo sequestradas, que precisam de ajuda, que alguém os está mantendo em cativeiro e querem dinheiro para liberá-los.
Se estivermos emocionalmente abalados pela maneira que fomos abordados ao telefone e, se filhos ou familiares tiverem o hábito de ficar fora de casa na madrugada e até mesmo durante o dia, em dar satisfação de onde vão e estão muitas vezes acabamos nos levando pela conversa e já vimos nos noticiários informações de muitas pessoas que caem nesses golpes e acabam fazendo transferências para as contas bancárias informadas, arcando com prejuízo financeiro, que só perceberão mais tarde, quando verificarem que tudo está bem com sua família e que foi um trote a abordagem pelo telefone.
Tempos modernos que vamos nos adaptando e procurando estar sempre atentos para não sermos surpreendidos, assim não corremos o risco de sermos lesados por alguém que se acha esperto...