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Jornal Diário de Suzano - 19/04/2024
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Coluna

Lembrando de mamãe

27 julho 2020 - 23h59
Oi mamãe, como vai?
Preferia poder falar pessoalmente, antecedido de um longo e caloroso abraço, mas os tempos são outros e, temos que manter a distância por conta da saúde e com a senhora por conta de sua partida, já há algum tempo...
Mesmo assim, hoje e todos os outros dias sinto falta de nossas conversas, de ouvir seus conselhos e seus avisos para que tivesse sempre paciência e buscasse compreender as entrelinhas, para evitar discussões inúteis. 
Repetia seus conselhos mais de uma vez, afinal sabia de antemão, que meu gênio era mais rebelde e demorava para entender que tinha razão e por vezes não via muita razão em seus dizeres... Hoje sinto falta deles e de tantas outras coisas que vivemos juntas nesta existência.
Seu retorno à pátria espiritual foi calmo e tranquilo, mas, para nós foi difícil e sofrido, naquele dia triste, onze anos passados, estávamos nos despedindo da mulher forte que nos conduziu pelos caminhos, ensinando como desviar das pedras, dos buracos e das armadilhas...
Foi nosso esteio forte e seguro quando papai partiu, nos amparou na partida de nosso irmão e de nossa avó e no momento em que sua partida teve vez, não nos sentíamos preparadas para enfrentar a vida, tudo ficou vazio e triste...
Quando alguma dificuldade nos causava entrave, lá íamos nós em busca de suas palavras, de seus conselhos e do conforto que aquele lindo par de olhos verdes brilhantes nos proporcionava...
Ah Mamãe! Como a vida ficou difícil sem sua presença, sem seus conselhos, seu café da tarde com a mesa farta de bolachinhas e guloseimas que preparava esperando nossa visita, lógico a minha era diária, precisava vê-la todos os dias, sabe-la bem e tranquila e se estaria disponível para algum passeio surpresa ou o simples encontro para aquele almoço simples, mas muito gostoso que fazia rotineiramente, sempre em quantidade suficiente para alimentar qualquer uma de nós que ali resolvesse aparecer.
Pois é, hoje bateu uma vontade imensa de mergulhar em seu olhar verde, cheio de paz e sempre aconchegante, ouvir sua voz calma, mas determinada e, em seu aconchego buscar aquela tranquilidade que transmitia sem nada precisar dizer, bastava sua presença, para abrandar qualquer desassossego que estivesse estorvando nosso caminhar.
Conhecia profundamente cada uma de suas filhas, com suas diferenças, com suas individualidades e a para cada uma tinha a palavra certa, o conselho e olhar que abrangia nosso ser por inteiro.
Sei que não vou encontra-la em nenhum lugar físico hoje, mesmo que quase possa senti-la bem próxima, meu coração bate mais forte e se aquece, me dando a certeza de que está por aqui e me ouve, então baixinho falo daquilo que me aflige e é como se sentisse sua mão passando suavemente pelos meus cabelos, distante ouço para não perder a esperança e a fé e que tudo vai dar certo, que tudo tem seu tempo para acontecer...
Mais uma vez ouço sua voz dizendo para ter paciência... Sorrio e lembro do seu olhar manso...
Obrigada mamãe... Tchau... Fica com Deus...