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Jornal Diário de Suzano - 19/04/2024
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Coluna

Mãos que colaboram

14 junho 2022 - 05h00

Dia desses ao sair de uma farmácia me deparei com um senhor de aspecto simples e limpo que abordava as pessoas que entravam no estabelecimento, entretanto, todos com a cabeça já negavam mesmo antes de ouvir o que pedia...
Quando entrei outra pessoa entrou no ambiente ao mesmo tempo e ele acabou não falando comigo. Apesar disso, ao sair, separei uns trocados para dar para ele, talvez ajudasse de alguma maneira.
Ao tentar entregar o valor ele me disse que não queria dinheiro, precisava muito de uma lata de leite em pó para sua filha que estava sem esse alimento, ato contínuo voltei para o interior da farmácia e adquiri o produto, afinal, adultos suportam melhor as vicissitudes, as crianças ainda tem o organismo mais indefeso e sofrem mais...
Ao entregar para ele, recebi seus agradecimentos e o pedido de ajuda para um emprego, pois, apesar de formado em mecânica pelo SENAI, estava sem emprego há quase dois anos...
Dei a ele meu cartão e pedi que assim que possível me ligasse, ia tentar alguma ajuda... Quem tem filhos sabe como é duro vê-los com fome...
Um amigo que pensa como eu ofereceu uma oportunidade ia pelo menos testar seus serviços e se fosse mesmo capaz, seria contratado, entretanto, ele não ligou, não buscou manter contato...
Na porta de casa sempre aparecem pessoas buscando alimentos prontos ou não, roupas e dinheiro... Em tempos difíceis como os atuais, todos nós apertamos o cinto e fazemos toda economia possível, pensando nos dias que se seguem e que com o aumento quase diário de tudo temos que nos precaver.
Mas, sempre procuro disponibilizar alguma coisa, afinal um pouco do que tenho certamente pode auxiliar e não me fará falta.
Acontece que mais de uma vez já encontrei o que doei jogado na calçada minha ou do vizinho, então creio que a necessidade não era tão grande e, teriam preferido a doação em dinheiro.
São muitas entidades buscando ajudar aqueles que carecem de tudo e reconheço que trabalhando com uma delas, muitos são gratos e aproveitam tudo que recebem, entretanto, vemos entre eles aqueles que buscam esse auxílio em mais de uma entidade e depois comercializam o que recebem para com os valores direcionarem para adquirirem outras coisas, principalmente cigarros e bebidas.
Essas ajudas duplas favorecem alguns e tornam a vida daqueles que realmente precisam muito difícil, pois, muitas vezes esses é que ficam ao desabrigo total. Tenho pessoas conhecidas que também necessitando de auxílio nos trabalhos domésticos diários, quando alguém bate à sua porta oferecem ajuda em troca do trabalho que essa pessoa pode fazer e, se surpreende com a resposta negativa, estão em busca de ajuda sim, mas não desejam trabalhar, afinal em muitos lugares oferecem ajuda sem nenhuma contrapartida.
Tenho certeza de que são muitos hoje os desfavorecidos da sorte, por conta da pandemia, da inflação que nos corrói, do aumento populacional, do fechamento de inúmeras empresas e da enorme perda financeira das famílias que acabaram abrindo mão de seus auxiliares domésticos tão necessários e ao mesmo tempo onerosos no atual momento, e tenho também certeza de que são inúmeros aqueles que buscam de alguma maneira colocar o pão de cada dia, mesmo que minguado na mesa de seus lares...
Infelizmente temos muitos que não pretendem estender suas mãos para colaborar, só querem receber os benefícios, se acomodando com a situação, sem buscar melhoras...