quinta 18 de abril de 2024Logo Rede DS Comunicação

Assine o Jornal impresso + Digital por menos de R$ 34,90 por mês, no plano anual.

Ler JornalAssine
Jornal Diário de Suzano - 18/04/2024
Envie seu vídeo(11) 4745-6900
Coluna

Nostalgia

03 agosto 2021 - 05h00

Ficar em casa nesse tempo de isolamento nos faz mexer em antigos guardados, velhas fotografias, coisas que há muito tiramos de circulação, por que acreditamos que não eram mais necessárias, mas que valiam a pena guardar por mais um tempo...
Abrindo uma caixa cheia de envelopes, encontrei fotos antigas muitas em preto e branco que denunciam sua idade avançada. Algumas consegui lembrar quem são pessoas, outras nem consigo imaginar de quem se trata e quem poderia me esclarecer não mais está aqui e, agora fico pensando porque guardei tudo isso durante tanto tempo...
Para evitar que isso acontece num futuro breve, nomeei as fotos que consegui identificar, nalgumas conseguindo até mesmo colocar a data, dessa maneira, quando as rever novamente daqui algum tempo saberei quem está ali fotografado e servirá também para quem possivelmente num tempo futuro não fique perdido como eu estou agora...
Mas, não foram somente fotografias que encontrei entre os guardados, lá também se encontravam inúmeros escritos e reli muitos deles e fiquei imaginando a idade dos autores atualmente, pois, são crônicas e contos escritos por crianças e jovens no tempo em que havia o Concurso de Crónicas e Contos do Diário de Suzano e depois vinculado ao Instituto Tadeu José de Moraes.
Fazia parte do grupo de jurados e era com um prazer imenso que me envolvia na leitura de cada conto e de cada crônica que me chegava às mãos para julgar, a cada folha de papel sem identificação, somente com a ideia de alguém ali digitada, ficava imaginando como seria o autor ou autora...
Lia e me via acompanhando a estória ali contada de maneira simples, ás vezes falando da rotina da família, de acontecimentos no bairro sem identificação do local, das brincadeiras nas ruas, das idas à escola, das conversas inocentes ali colocadas, mas que certamente foram importantes para quem escreveu afinal as motivou a publicar num concurso.
Pelos escritos podíamos acompanhar o que pensavam alguns jovens, pelo menos aqueles que haviam enviado seus trabalhos por meio das escolas participantes e, assim termos uma vaga ideia de como muitos entendiam a vida, o seu crescimento, o envolvimento familiar, a valorização das amizades e o que motivava a curiosidade deles.
Então relendo muitos dos escritos fiquei imaginando aquela criança agora crescida, dentro de casa, acompanhando as aulas pelo celular, com muito menos condições de brincar na rua, de encontrar os coleguinhas e trocar ideias e até mesmo de escrever sobre tudo isso que está acontecendo nestes meses tão diferentes que vivemos. Senti saudade dessa atividade tão prazerosa, que tomava alguns dias de nossa vida, que nos envolvia e nos fazia analisar cada um dos escritos e de quem estava por trás daquela folha de papel. Saudade dos encontros dos jurados, onde reunidos tecíamos comentários sobre o que havíamos lido, sobre os melhores trabalhos, sobre nossa curiosidade sobre os autores que somente seria satisfeita no final do concurso no dia da premiação, onde poderíamos acompanhar as carinhas felizes daqueles jovens escritores que junto com seus professores receberiam a merecida premiação. Saudade dos colegas jurados, que talvez como eu também sintam falta dessa atividade que nos causava um misto de prazer e alegria, cientes de que nunca mais esse tempo voltará e que nunca mais a reunião será completa, porque a pandemia recolheu um dos participantes...
Nostalgia é o sentimento que nos acompanha agora...