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Jornal Diário de Suzano - 24/04/2024
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Coluna

Pessoas em situação de rua

16 fevereiro 2021 - 05h00

Tempos difíceis esses que vivenciamos...
Qualquer marquise ou área coberta serve de abrigo para pessoas que moram nas ruas.
Nessa pandemia onde muitos comércios mantiveram suas portas fechadas e outros que foram obrigados a encerrar suas atividades o que percebemos é que essas pessoas, que vivem da caridade alheia, guardam seus espaços nas portas desses estabelecimentos deixando seus cobertores e pertences enrolados, marcando e delimitando sua área de uso, enquanto mendigam pelas ruas da cidade ou simplesmente tomam sol nos bancos das praças, na maioria das vezes acompanhados de seus cães, que estão sujos, mas sempre alimentados e preocupados com seus cuidadores.
Alguns passam o dia juntando papelão, latinhas e recicláveis que vendem para obter alguns trocados para se alimentarem, comprarem seus cigarros e até mesmo para alimentar os animais que lhes fazem companhia.
buscam nos horários de refeição as portas de alguns restaurantes que não desperdiçam alimentos e fornecem quentinhas que os alimentam, ato generoso sempre bem-vindo.
Outros buscam os abrigos, que além de fornecer alimento ainda possuem espaço onde podem tomar banho e fazer sua higiene pessoal e até mesmo se recolher ao final do dia para dormir, espaço que nem sempre é utilizado pelo simples fato de ali não permitirem a presença de seus animais.
Uns poucos permanecem no mesmo local que utilizam para dormir para também passar o dia, enrolados em seus cobertores, cabelos desgrenhados observam o vai e vem das pessoas, nada pedem e não incomodam, somente olham o movimento ao seu redor, não com olhar atento, mas um olhar vago, perdido...
Quando passo e vejo um deles, que se mantem nessa inatividade diária, imagino o que pode estar pensando, fica no mesmo lugar o dia todo, raras vezes não o vemos ali naquele estreito espaço entre a parede e a calçada, onde fez sua residência. Raras vezes o vejo circulando pela rua, esse não possui nenhum animal vive completamento só, nos dias mais amenos senta no banco da praça e se mantém tão distante quanto no outro espaço.
Nenhum deles parece se preocupar em encontrar a família ou ser encontrado por elas, a rua parece ser sinônimo de liberdade, de despreocupação, afinal só precisam se preocupar em como se alimentar, recebem cobertas e roupas de entidades de ajuda e não possuem boletos vencendo, nem responsabilidades familiares.
Fico muitas vezes imaginando o que leva um ser humano abandonar sua casa, sua família e viver assim nesse abandono moral e físico. Certamente alguns são levados à essa vida por conta do vício que atrapalha e incomoda os familiares e não conseguindo superá-los preferem abandonar tudo e ter a liberdade de fazer uso da bebida ou das drogas quando quiserem, sem serem reprimidos.
Nessa situação vemos poucas mulheres, mas muitos homens, a maioria com idade por volta de quarenta anos ou mais, alguns envelhecidos precocemente, com barba por fazer e longos cabelos brancos. Infelizmente o que se nota é que o numero vem aumentando, e encontramos essas pessoas espalhadas por toda a cidade, desde o centro até os locais um pouco mais afastados, todos tem em comum o olhar perdido...