Em Beirute há centenas de famílias em luto, sem qualquer consolo, sem qualquer alento. Vimos a terrível explosão que tirou a vida de mais de 150 pessoas, deixando escorrer toda lágrima dos olhos dos familiares. Mais uma vez, Beirute foi marcada pela destruição de uma área da cidade. Não por um conflito militar, mas pela fúria de um grande estrondo, forte tremor e deflagração que acabaram derrubando prédios e casas, como se tivesse acontecido um terremoto.
A explosão deixou cadavérica toda a área perto do porto, com muitos mortos e feridos e muitas famílias sem teto. Os inimigos que fizeram tantas vítimas, deixando Beirute numa situação drástica e trágica, foram os produtos e fertilizantes químicos de toneladas de nitrato de amônio armazenados há muitos anos, sem medidas preventivas, num galpão e em fase de contaminação, fermentação e explosão. Se passaram poucos dias do infausto e dramático acontecimento, carregado de gemidos de pessoas presas nos escombros e de feridos levados nos hospitais.
Estive em Beirute no ano de 2000, visitei a cidade, considerada a “Paris do Oriente Médio”, admirei os antigos templos e ruínas romanas em Baalbek e fiz algumas compras em Byblos, considerada a cidade mais antiga do mundo. Me deparei com a beleza das montanhas onde sobrevive ainda, mas não como antigamente, o maior símbolo do Líbano a árvore do “Cedro”.
Esta planta faz parte da sociedade libanesa não somente culturalmente, mas foi a base de numerosas economias das civilizações antigas.
O cedro era usado para a construção de templos, palácios e embarcações. A exportação da madeira para o Egito era um importante fator de crescimento econômico. Antigamente as montanhas do Líbano eram cobertas de cedros, tem-se conhecimento das árvores desde 3 mil A.C. Além disso, o Cedro é muitas vezes mencionado na Bíblia Sagrada como um símbolo de força e eternidade. Voltando ao Brasil comecei a ensaiar sinais mais visíveis da minha proximidade com os imigrantes e descendentes libaneses residentes nos municípios da Região do Alto Tietê.
Beirute nunca foi uma cidade subversiva e mesmo assim, foi ameaçada e atingida várias vezes por bombardeios dos países vizinhos e por explosões em conflitos internos. Por este motivo há soldados brasileiros e de outros países em missão de paz.
No entanto, a catástrofe de hoje exige sobretudo a solidariedade dos libaneses que estão no exterior e no Brasil, para que colaborem na reconstrução do porto e sobretudo no auxílio às famílias que viram seus bens sendo destruídos pela explosão.
Quando eventos infaustos e dramáticos ocorrem, é porque os homens não souberam respeitar as leis naturais. É por isso que há desastre, à causa de falhas e omissões humanas. Não há assim, acaso, destino, nem fatalidade e muito menos existe o azar
É preciso aguardar as conclusões das autoridades libanesas sobre as causas das explosões, que além das vítimas, arrasaram o porto da cidade.
No entanto cabe à liberdade e à responsabilidade do homem evitar que aconteçam acidentes com consequências desastrosas.