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Jornal Diário de Suzano - 23/04/2024
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Coluna

Data inesquecível

27 agosto 2021 - 05h00

Publicando hoje, nesta coluna, a minha matéria semanal não posso deixar de lembrar a data inesquecível do dia 26 de agosto de 1986, quando deixei a Itália para vir como missionário ao Brasil.
Se passaram 35 anos. Era a minha primeira viagem ao Continente latino-americano.
Não tinha ideia do lugar, nem procurei saber em qual canto do Brasil estivesse a Diocese de Mogi das Cruzes e a Paróquia de São Sebastião de Suzano onde a Congregação dos padres Discípulos estava me enviando Me entreguei nas mãos de Deus, como costuma dizer o povo.
Após treinar o português, lendo, estudando e decorando as palavras como se fossem pérolas preciosas que podia mostrar como algo que eu tinha para dar e oferecer, por exemplo ´´bom dia´´, ´´obrigado´´, comecei a me adaptar ao clima, à comida, e à cultura. Tudo era bem diferente do meu costumeiro modo de viver. De melhor, não podia imaginar nada, além daquilo que existia e encontrei.
A cidade estava se formando. O asfalto faltava em quase todos os bairros. Havia 60.000 habitantes. Hoje o número da população pulou a quase 300.000 habitantes. Na pobreza dos que viviam nos bairros, descobri a novidade da fé que animava as comunidades católicas. A vivência fraterna e a participação dos fiéis nas celebrações, me surpreendeu.
A fé do povo estava encarnada na realidade sofrida, mais ligada à vida, ao trabalho, à luta para a sobrevivência e aos desafios a serem enfrentados com a força da fé e a solidariedade de todos.
Aproximei-me dos jovens, articulei e animei a caminhada deles na cidade, na Diocese e no Estado. Me deparei com o testemunho de uma multidão de jovens nas romarias, nos encontros nacionais e mundiais.
Nesses anos fui muitas vezes à Itália e irreversivelmente voltei ao Brasil, sempre na Diocese de Mogi das Cruzes. Sei que este ano, à causa da pandemia e das restrições aéreas e nacionais, está sendo difícil viajar para a minha terra, mas sei que indo para Itália, sempre o coração me indicará a direção deste outro lado do mundo, onde encontrei a minha segunda pátria.
Assinando esta coluna no Diário de Suzano, há mais de 15 anos, sinto-me irmão dos suzanenses, do prefeito, dos secretários e vereadores, dos casais e trabalhadores, dos jovens e das crianças. Sei que as horas, as jornadas, as semanas e os anos que vivi, não transbordam de luz e de amor, mas não vou deixar de juntar os meus passos aos passos de tantos irmãos e tantas famílias que lutam contra a solidão, o desespero, a exclusão e partilhar também as alegrias e os momentos felizes que a vida oferece.
Hoje, a contato com os descendentes afro-brasileiros, italianos, japoneses, libaneses e portugueses, me sinto mais cidadão do mundo, vivendo a fraternidade universal, tanto necessária para esta humanidade que confia no futuro melhor e numa relação menos espinhosa e mais harmoniosa e luminosa com a natureza, com o meio ambiente e com as pessoas. Vivendo assim dar-nos-emos conta que é muito mais belo comprometer-se com um mundo melhor, que viver preocupados somente conosco mesmo. O mundo precisa de homens e mulheres cheios de esperança e de fontes puras das quais haurir meios para encontrar e ter a força de amar e de assumir o compromisso com a construção do Reino.