Nas minhas andanças pelo mundo estive no Líbano e na Calábria (Itália). Afinal o mundo é uma grande aldeia, onde os povos convivem juntos de maneira presencial ou virtual. No Brasil é muito forte a presença de uma boa parte da população europeia, asiática, oriental e latino-americana.
As duas mulheres que quero homenagear, Dona Elmoza e Dona Mafalda viveram parte de sua vida, uma no Líbano e a outra na Calábria. As duas se foram, de morte natural, para a morada eterna, há poucos dias, aos 99 anos de vida.
As duas deixaram marcas indeléveis na família e na sociedade, juntamente aos esposos já falecidos: Miguel Cury e Osvaldo Cicone. Os casais educaram os filhos criando laços e sentimentos de pertença com as tradições do Líbano e da Calábria. Elmoza e Miguel Cury tiveram 3 filhas: Perula, Olga e Maria. Mafalda e Osvaldo Cicone tiveram um filho, Hamilton e duas filhas Rosimere e Maria Luisa.
Os descendentes, filhos e netos conservam de forma bem profunda as raízes religiosas e culturais dos países de origem de seus antepassados. As feições físicas tomam conta de toda a personalidade dos descendentes. Ninguém deles quer se privar da música, da culinária e do idioma dos países, onde viveram os antepassados.
A severidade e a inflexibilidade das duas mulheres juntamente com a ternura materna, não é comparável nem de longe com a autoridade paterna, sempre pronta a tolerar e ir ao encontro dos desejos dos filhos. As duas mães foram anjos no caminho e no acompanhamento dos esposos, filhos, netos e bisnetos.
A vida delas era impregnada de sagrado, de devoção e de práticas religiosas.
Elmoza era católica maronita e Mafalda católica romana. As duas vinham de países que cultuavam a devoção a Nossa Senhora do Líbano e a Nossa Senhora Aquiropita, cujos santuários, no Brasil, encontram-se no Bairro da Liberdade e no Bairro do Bixiga.
Uma grande lembrança das duas mulheres ficará sempre no coração dos familiares e de todos que tiveram a alegria de conhece-las, recordando a carinhosa e bela acolhida que elas proporcionavam em suas casas aos que iam para visita-las. Importava nada a elas a hora que os visitantes iriam chegar.
A vida de Dona Elmoza e Dona Mafalda sempre se manteve na orbita de uma bela convivência humana, conjugal e social. Elas tiveram uma vida repleta de luzes e também de momentos críticos e difíceis, pois, apesar da fortaleza moral e espiritual, havia sempre uma margem de fragilidade psicológica na vida delas.
Daí, podemos colocar em evidência os grandes valores morais e religiosos que as quase centenárias adquiriram no Líbano e na Calábria, terras que elas deixaram na juventude para emigrar ao Brasil.
A velhice para elas, foi um prêmio, um presente, uma riqueza. A alegria de estar prestes a celebrar e comemorar 100 anos podia ser humanamente valiosa, mas não tão grande e maravilhosa em comparação à vida sem fim que elas estão já vivendo na morada eterna.
No céu elas continuam mantendo os laços afetivos de maneira mais atraente e amável com todos os seus familiares.