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Jornal Diário de Suzano - 25/04/2024
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Coluna

O Sr.Fahim, comerciante suzanense e fervoroso católico maronita

19 fevereiro 2021 - 05h00

Dois motivos me levaram a escrever essa matéria sobre Fahim. A celebração no dia 14 de fevereiro de São Maron, o catolicismo maronita dos libaneses e de seu devoto Sr. Fahim, que se estivesse vivo teria completado 100 anos no dia 17 de fevereiro de 2021.
Fahim José Bou Habib nasceu no Líbano na aldeia de Darbaachtar e foi batizado na Igreja católica maronita de São Jorge pelo Pe. Jorge Cury. Veio ao Brasil com o pai Sr.José Antônio Bou Habib e com a mãe Sra.Augusta Bou Habib e após alguns anos de sua chegada se casou, na Igreja de Sant´Ana em Mogi das Cruzes, com Terezinha Salemi, filha de pai libanês.
O Sr. Fahim foi um dos primeiros libaneses que conheci quando cheguei em Suzano há 34 anos, pois ele ficava na loja Santo Antônio, localizada na Praça João Pessoa, vendendo roupas, camisas e ternos. Frequentava a Igreja Matriz de São Sebastião e nos cumprimentávamos sempre após as Missas. 
Nas conversas que aconteciam na Igreja e na loja onde ele passava o dia todo com seus filhos José e Antônio, abordava os assuntos de história, de política e de religião com um imenso conhecimento do mundo oriental e ocidental.
Era muito fácil para mim atravessar a Praça João Pessoa de Suzano e encontrá-lo na loja.
Simultaneamente ele conseguia me encontrar na Igreja atravessando os espaços arejados da mesma praça e algumas vezes o chamei par dar palestra aos jovens sobre a situação do Líbano, sobre o motivo de tantos conflitos no seu país e sobre a emigração libanesa. 
O Sr.Fahim armazenava uma grande cultura e sobretudo sentimentos de grande respeito pelas pessoas, sentimentos que brotavam da nobreza de ânimo, além das belas maneiras que manifestava com os fregueses. Sem deixar de lado o seu espírito gentil com a esposa Terezinha, com a irmã Fahima e com os filhos Antônio e José, Augusta e Elisa. Com o falecimento dele em 2001 se interrompeu uma bela amizade que eu tinha com ele e com a esposa Terezinha.
Diria que a morte tirou ele da família e de nós muito cedo. Talvez tivesse muito ainda a falar de coisas que eu precisava ouvir. Rejeitava qualquer banalidade e com certeza não eram as novelas o seu lugar de refúgio. Tinha uma formação humana, religiosa e cristã e estava por dentro da evolução econômica e sócio-política do Estado de São Paulo e do Brasil .
Foi na sua casa que comecei a experimentar a comida libanesa, me convidando várias vezes para almoçar com a sua família na residência em cima da loja. A espiritualidade, interiorizada na sua vida de cristão tornava visível a sua fé. Sua doença não era irremediável, um mal corriqueiro, acima de qualquer suspeita que pudesse tirar a sua vida. Mas, para surpresa de todos, acabou sendo atingido por um golpe fatal. A cada dia a sua comunicação mantinha o mesmo nível, o mesmo teor, a mesma riqueza de palavras refinadas, com um tom invejável de voz. Era um pensador, um literário, um místico, sem que ele percebesse tudo isso. 
Com carinho, tenho uma lembrança especial do Sr. Fahim, uma pessoa que sabia instruir com a sua arte comunicativa. Era uma grandeza vivente. Amava Suzano, a família e a Igreja. O mundo era a sua casa, pois sabia o que acontecia em qualquer lugar, se fazendo vizinho de toda a humanidade.