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Jornal Diário de Suzano - 24/04/2024
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Coluna

Quaresma, quarentena e isolamento

26 fevereiro 2021 - 05h00

Milhões de católicos receberam as cinzas na quarta-feira após o Carnaval, que ficou apenas uma data marcada no calendário, sem a festa popular e sem os fascinantes e encantadores desfiles nas ruas, avenidas e sambódromos.
A celebração de quarta-feira das cinzas serve para nós entendermos que tudo é passageiro. O que vale é a festa do espírito, do amor sobre o ódio, do perdão sobre a vingança e da paz no lugar da guerra.
Este ano não foi o carnaval que parou o Brasil para ver desfilar as Escolas de Samba, mas a pandemia. O Covid-19 foi mostrando o mapa da vida dos brasileiros e das periferias que sofrem pelo sistema que em muitos lugares é injusto e corrupto. Pior ainda, a pandemia evidenciou escândalos políticos e a inércia das Administrações públicas e de tantos outros problemas que afetam a vida dos cidadãos. Com certeza não seria o Carnaval que faria renascer a esperança da vida, da saúde pública e de uma educação virtual melhor programada pelo Ministério da Educação e secretarias estaduais.
A Quaresma ou as Cinzas, exortam o ser humano a retomar a caminhada de maneira mais sensata, justa e correta, a retomar a luta para eliminar a pandemia, a quarentena, o isolamento, as restrições protocoladas pelos estados e municípios e todos os males que afetam o futuro de milhões de cidadãos.
Razões para destinar recursos, patrocínios e dinheiro público a um bem maior que o Carnaval e a projetos mais necessários é o que não faltam.
A quarentena serviu para eliminar o risco da contaminação e a expansão do Coronavírus, pois se trata de uma medida obrigatória restritiva para evitar o trânsito de pessoas e diminuir a velocidade de transmissão do vírus.
Bem diferente é o isolamento que não é obrigatório, por não terá ninguém controlando as ações das pessoas. Ele é um ato de civilidade para a proteção de outras pessoas.
Ambas são medidas de saúde pública consideradas fundamentais para o enfrentamento da pandemia.
A Quaresma também tem a sua importância pois é um tempo forte de conversão, renovação e purificação.
Não custa tentar eliminar do coração tudo o que contamina o homem, como orgulho, poder, ambição, ganância, desamor e ódio. Veremos um novo povo surgir das cinzas, um novo Brasil, uma nova pátria e uma nova ordem.
Quanto àqueles que cometeram e cometem durante a pandemia, abusos de desvio de dinheiro, de recursos, ou de libertinagem descuidando de observar as medidas cautelares, vale o sentido das cinzas, da quaresma, da quarentena e do isolamento que convidam a resistir à vontade de sair sem motivo, apenas para se divertir no bar, na praia ou em shows e festas clandestinas.
Não é hora para chorar pela falta do Carnaval, dos espetáculos, das imagens e cores, das danças e cantos que não expressam nenhum sentimento de vitória ou de conquista. Na verdade, apenas abafam o grito dos pobres, dos desempregados, dos pacientes deitados em macas nos corredores das enfermarias e de tantos professores que lutam por melhores salários.
No Carnaval tudo fascina e encanta somente por alguns momentos. A Quaresma ajuda o povo a aguentar, a cada dia, a barra dos sofrimentos e faz brilhar também a luz de um novo dia.