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Jornal Diário de Suzano - 19/04/2024
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Coluna

Quaresma sem Carnaval

25 fevereiro 2022 - 05h00

Este ano iniciaremos a Quaresma sem o Carnaval de rua.
A quarta-feira de Cinzas marcará o início do tempo quaresmal, sem ouvirmos os tambores e os batuques, fortes e rumorosos, que invadem as ruas antes do início da Quaresma. Quase todas as capitais do Brasil programaram para abril os fascinantes e encantadores desfiles nas ruas, avenidas e sambódromos.
É bem provável que o Carnaval aconteça a partir do feriado do dia 21 de abril.
A celebração de quarta-feira das cinzas serve para nós entendermos que tudo é passageiro. O que vale é a festa do espírito, do amor sobre o ódio, do perdão sobre a vingança e da paz em lugar da guerra.
O Carnaval é uma festa popular. Uma boa parte do Brasil para ver desfilar as Escolas de Samba. Porém, o mapa das avenidas e dos sambódromos não mostra o mapa da vida dos brasileiros e das periferias que sofrem com os desmoronamentos de casas e sobrados construídos nas áreas de risco.
Pior ainda, o Carnaval acaba apagando a memória dos escândalos políticos, da inércia das Administrações públicas e de tantos problemas que afetam a vida dos cidadãos. Com certeza não será o Carnaval que fará renascer a esperança da vida, da comida sobre a mesa, do prato saboroso, da saúde pública e de uma educação mais avançada nas escolas públicas e da entrega de moradias aos desabrigados.
A Quaresma ou as Cinzas exortam o ser humano a retomar a caminhada de maneira mais sensata, justa e correta, a retomar a luta para eliminar o analfabetismo e todos os males que afetam o futuro de milhões de cidadãos.
Há razões suficientes para destinar e finalizar recursos, patrocínios, dinheiro público a um bem maior e a projetos mais necessários, para os mais necessitados.
Com a Quaresma inicia o tempo forte de conversão, renovação e purificação.
Não custa tentar eliminar do coração tudo o que contamina o homem, como orgulho, poder, ambição, ganância, desamor e ódio. Veremos um novo povo surgir das cinzas, um novo Brasil, uma nova pátria e uma nova ordem.
O Carnaval ao contrário, traz abusos de embriaguez, de violência, de libertinagem, de desperdício, de tensões, contradições e frustrações.
O povo convocado para se divertir com o Rei Momo, quase se desculpa por tanta alegria, diante de um País que forja espetáculos de imagens e cores, de danças e cantos que não expressam nenhum sentimento de vitória ou de conquista. Apenas abafam o grito dos pobres, dos desempregados, dos pacientes deitados em macas nos corredores das enfermarias e de tantos professores que lutam por melhores salários.
No Carnaval tudo fascina e encanta somente por alguns momentos.
A Quaresma ajuda o povo a aguentar, a cada dia, a barra das injustiças e deveria também, fazer brilhar a luz de um novo dia. 
Vale o sentido das cinzas e da quaresma que convidam ao jejum, à penitência e à oração. O que vale é enaltecer o valor da vida, da justiça, do amor e da fraternidade.