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Jornal Diário de Suzano - 24/04/2024
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Coluna

A queda na qualidade das letras da maioria das músicas brasileiras demonstra o triste estágio atual de nossa cultura

31 janeiro 2018 - 05h00
Meus avós contavam como era a cidade de São Paulo nas décadas de 30, 40 e 50. Lembravam, com nostalgia, do modo de vida de então; das limpas e arrumadas ruas, que não tinham vestígios de pichação; do comportamento das pessoas e do ambiente cultural que por aqui se encontrava. Na minha infância ainda conheci um pouquinho, um restinho dessa São Paulo. Outras cidades brasileiras tinham também perfil diferenciado do atual, lógico que para melhor. Tínhamos, nós da "terra brasilis", o privilégio de portar traços culturais do velho mundo, isso em virtude da forte imigração, como bem prova o patrimônio arquitetônico que herdamos da época, particularmente São Paulo e Rio de Janeiro. As pessoas, mesmo as humildes, eram elegantes frente aos padrões atuais. As damas, quase sempre em cima de seus saltos altos, cujo som ao tocar no piso das calçadas ecoava ao longe e os cavalheiros, vestidos sobriamente, de blazer, representavam o figurino mais comum. Mas o Brasil fica na América, no novo mundo, portanto, tínhamos também a modernidade. São Paulo já mostrava vocação para a industrialização, que se fortaleceu no pós guerra, atingindo grau extraordinário com o advento da indústria automobilística. Puxa vida, estávamos com tudo: educados e indo para o progresso a passos largos. Nossa cultura já tinha face própria; a literatura, a poesia, a arquitetura, a música......uau, nossa música era o máximo, era a boa poesia musicada. Sem ufanismo, realmente fazíamos, num período, talvez a melhor música do mundo. Poucas décadas se passaram e o que sobrou para nossa geração foi a nostalgia, a saudade, só que, diferentemente de meus avós, que vivenciaram uma boa época, nós estamos saudosos do quase; do quase grande país desenvolvido, que acabamos nunca vendo, do quase país com justiça social, que estão nos devendo e do quase povo educado e bem formado que sonhávamos ser. 
Fizemos péssimas escolhas, melhor dizendo, os que nos representaram fizeram, particularmente na área educacional, que reputo ser a mais importante porque é o alicerce, porque é essencial e, lamentavelmente, foi onde mais erramos; a qualidade foi substituída, tristemente, pela quantidade.