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Jornal Diário de Suzano - 23/04/2024
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Coluna

Algumas Lembranças

13 dezembro 2019 - 23h59
Nesta época do ano, especialmente, sempre recebo sugestões a mais para temas das minhas crônicas. As principais, agora, propunham falar sobre a nossa Educação em grave declive. E sobre Gestão de Saúde, outro tema impactante nesses nossos tempos. Cheguei a iniciar alguns rabiscos no PC. Mas... acabei saindo pela tangente. Desculpem os amigos por agora. Retomarei esses temas logo adiante, com certeza. Novas esperanças nos virão mais à frente.
Sou daqueles que volta e meia se envolvem com algum texto. Preparando uma palestra para a semana que vem, tenho levado umas páginas para o leito. E numa dessas miradas, meus olhos bateram em dois livrinhos especiais.
O primeiro a me tocar foi “Mensagens para Meus Netos”, de Peter Vance, um livrinho de bolso de 2003. O autor, ao se dar conta de que sua avó tinha contraído Alzheimer, quando ele tinha apenas 14 anos de idade, iniciou um processo de manifestações coletivas sobre como “passar coisas boas aos demais”. E o garoto inglês foi mandando cartas para muitas celebridades, pedindo frases que indicassem caminhos positivos. Foi um sucesso. Acabou recebendo muitas frases, como do Papa João Paulo II e do Dalai-Lama. Muita gente aplica frases assim nas suas páginas do Facebook. E são aquelas leituras que, singelamente, vão nos envolvendo. O Autor escreveu uma simples sentença para sua avó: “Sinto falta do seu sorriso...”. Pois o músico Eric Clapton também enviou sua manifestação: simplesmente disse: “Ouça”. Parece pouco? Agora, pense a respeito. Será que temos ouvido os outros? Será que nos permitimos ouvir as tantas pessoas que nos rodeiam, que se aproximam de nós? Está bem, esse livrinho nem tem uma centena de páginas. Mas, se nos colocarmos sensíveis será que não acrescentamos um tanto a nós mesmos?
Pois é, o Peter Vance continuou e viu ser criada a “Alzheimer’s Society, que hoje conta com mais de 25 mil participantes.
Mas, continuando. O outro livro, “Diário das Minhas Netas”, foi escrito por Damásio de Jesus, isso mesmo, o Jurista, publicado em 2011. Se como Mestre do Direito ele parece bem rígido, como avô não é bem assim. Ele reproduz amplamente as expressões das menininhas que o encantam. É um daqueles livrinhos que parecem pessoais. Bastante ilustrado, com fotos, desenhos, frases, relatos, historietas... Passada quase uma década, as netinhas, claro, já deixaram a infância. Mas o tanto vivido está registrado. O feito é feito, concluído está. Como nós vimos aquilo que há tanto se passou por nós, em nós? Não cabe a vergonha de uma manifestação infantil. Ela cabe onde existiu.
E você, tem netos, netas? E guarda o que um deles, o que todos eles manifestam? Ainda não tem netos? E filhos? Eles “aprontam”? Não?! Então, nunca foram crianças?
E você? Não registra nada do que vê e ouve e entende ou deixa de entender? Por quê? Ah, o tempo passa. Um dia será apenas memória. Que possamos sempre recordar passagens tão tocantes, risíveis, e até tristes, por que não?
A vida vai passando. A gente também passa. Umas marcas ficam, outras nem lembramos mais.