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Jornal Diário de Suzano - 19/04/2024
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Coluna

Autoestima

05 agosto 2017 - 06h00
Pode parecer equivocado falar de autoestima num momento em que os brasileiros estão se achando um dos piores povos do mundo. Mas não é. Bem ao contrário. Devemos, especialmente agora lembrarmos de nos valorizarmos.
Porém... sempre temos um porém... para valorizarmos o que somos, precisamos saber isso: o que somos? quem somos?
Assim, tentemos vislumbrar que nisso também ocorre a emoção e a razão. Há muitas décadas um amigo querido, Sábato Magaldi me convidou para realizar uma pesquisa sobre os “portais” da cidade de São Paulo. Ele era Secretário Municipal de Cultura. Começamos pelo Braz. Portal da entrada dos Nordestinos na época. A nossa Capital já era a maior cidade nordestina, o maior centro de produção e usufruto do Cordel, por exemplo. E os nordestinos vinham e vem a São Paulo para escapar de uma desgraça que os assola, o desemprego e a miséria.
Vivi outro problema desses anos antes na Europa. Havia então dois milhões de portugueses fugidos da Guerra Colonial da Ditadura Salazarista instalados na França. Ali as crianças portuguesas não conseguiam aprender o idioma francês e eram colocadas em classes especiais nas escolas francesas. Os linguistas demonstraram que se as crianças fossem alfabetizadas na língua materna, o Português, elas conseguiriam. Foi então feito um acordo, os portugueses forneceram professores portugueses e os franceses deram as escolas. As crianças alfabetizadas em português logo aprendiam o francês.
Uma criança, inicialmente, deve aprender sobre suas origens, quem são seus pais, sua família, sua casa, depois seu bairro, sua cidade, seu estado, seu país, o universo. Esse aprendizado serve para identificar-se com o local onde vive. E assim forma a noção racional e emocional de carinho e de respeito. Formação da sua autoestima, ligada ao seu local de vida. E assim aprende a portar-se bem ante essa realidade.
Se o estranho ou estrangeiro não se conhece, nem conhece onde está ele não verá porquê se integrar. E rejeita. Fica porque está melhor do que onde estava, ou estaria. Mas não ama. E todo estranho sabe que não é amado só por ser de fora. Bem ao contrário. Imagine alguém ali nascido mas que ignora tudo sobre si e seu lugar.
Se os migrantes e imigrantes, de qualquer parte, aprendessem também sobre sua própria cultura com mais facilidade poderiam aprender a cultura paulista evitando-se os choques, os vandalismos. Com isso temos de nos dar conta de que precisamos ensinar a história local das cidades às crianças e jovens, e não apenas aos de origem externa à paulista. Diretriz a ser estabelecida por Lei municipal. Se uma pessoa, nascida ali ou não, se sente estranha ao local em que se encontra irá obrigatoriamente se chocar com os costumes locais. Sem maior base educacional irá contribuir para a destruição local. 
A gente da sua cidade tem autoestima? Essa gente aprende a história local? Essa gente vai lutar para melhorar a sua cidade? O seu estado? O seu país?