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Jornal Diário de Suzano - 24/04/2024
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Coluna

Baruel

19 outubro 2018 - 23h59
Existe uma informação errada, sem fundamentação histórico-documental, que circula livremente, dizendo que a região do Bairro do Baruel em Suzano, de hoje, foi assim denominada em razão do “Frei Baruel” que ali esteve. A região, na proximidade dos atuais municípios de Ribeirão Pires e Suzano, na passagem entre os rios Guaió e Taiaçupeba-Mirim, pelo século XVI e XVII era conhecida por “Caáguaçu”.
Não é verdade, o Padre Francisco Baruel esteve por lá no princípio do século XVIII para pacificar os indígenas no morro do Suindara, sempre em guerra com os índios Guianás. Mas, rapidamente, se afastou dali. E o lugar continuou sendo denominado de “Itaiassupeva”, como já era conhecido, em razão da descoberta de uma mina de aluvião, no rio local (Taiaçupeba), por volta do século XVII. O que levou muita gente a correr para lá, evidentemente. Com o passar do tempo, muitos continuaram indo para lá, o que levou, evidentemente, a Igreja a ir ao lugar.
Naquele ponto foi erguida então uma capela, no século XVIII, por volta de 1720, cujo pároco nomeado, o Pe. Antonio de Souza e Oliveira, nunca chegou a ali se estabelecer. Essa Capela vai esboroar por volta de 1899. E foi reerguida, bem depois em 1916, por Roberto Bianchi, sendo a que está até hoje no lugar.
Em 20 de setembro de 1750, em razão da ausência desse Padre Oliveira, foi nomeado outro pároco para a Capela de Taiaçupeba, o Pe. Antonio Frazão Meireles. E pela importância do lugar, em 30 desse mesmo mês foi nomeado um Capitão da Capela de Taiaçupeba, Bruno Novaes.
Em meados do século XVIII, depois de 1750, foi que se estabeleceu por lá o Senhor Antonio Francisco Baruel, um muito rico proprietário. Ele era tão destacado, que possuía até escravos negros, o que era muito raro nesse tempo na Província Paulista. A partir desse Senhor começa-se a chamar o local de Baruel, o que se consolida pelo final do século XVIII. Também ao final desse século, com o falecimento de sua esposa, no inventário (Mogi) estão reunidos muitos dados, inclusive destaques que o tornam alguém surreal para a época e lugar. Ele dormia em cama, enquanto todos dormiam em rede. Ele usava talheres, enquanto todos comiam com as mãos. Ele tinha candelabros em sua casa, o que ninguém possuía n os arredores. Era alguém muito especial. Isso destacou-o tanto que acaba sendo conhecido pelo seu nome o lugar.
Sugiro a leitura de documentação na Diocese de Mogi das Cruzes e na Catedral da Sé. Que se leia o Historiador Isaac Grinberg sobre esses dados. E sobre a Família Baruel, leia-se também o historiador Luiz Gonzaga da Silva Leme. Vejam também os estudos de João Mendes de Almeida. Ou mesmo o meu livro “Suzano Estrada Real” (1994), onde fundamento todos esses dados. E, se puderem o meus livros, “Retratos de Suzano (2004) e “O Povo Mirambava” (1997), onde fundamentamos mais dados.
Uma pessoa, irresponsavelmente, publicou na Internet os dados errados, até em “wikipedia”. Esses amplamente divulgados “viram verdade”? Até mesmo a Câmara Municipal de Suzano tem esse resumo falso sobre o Baruel entre suas informações. Já contestei, mas sem resultado.
Faço a minha parte, enquanto estiver aqui.