O Brasil comemora nestes dias a festa do carnaval. Uma festa sem conquistas e sem vitórias sociais. Atrizes e modelos são as estrelas que o povo quer ver brilhar no Carnaval. Estes dias são de muita alegria, dança, festa, comida e bebida, dias de festa e espetáculo colorido, com ritmos alegres e variados.
O mapa das avenidas, porém, não mostra o mapa da vida dos brasileiros, não mostra o mapa de uma sociedade que sofre pelo poder corrupto de sempre. O barulho dos tambores e tamborins, cobre o grito dos excluídos, dos que vivem sem a casa garantida, sem recursos, sem asfalto. O Brasil pára de vez. O Carnaval acaba apagando a memória das matanças, das traições dos políticos, das rebeliões dos presos e da escravidão que ainda existe no Brasil.
A lua, mirando, assiste a este grande espetáculo, o Brasil inteiro assiste e sabe que o grito de carnaval sai do coração ferido dos que clamam pela vida, pela igualdade, pela justiça. Talvez, o Carnaval seja mesmo uma válvula de escape para o povo, pelas desigualdades e injustiças sociais que geram uma vida amarga e sofrida. Com certeza não será o carnaval que fará renascer a esperança da vida, da comida sobre a mesa, do prato saboroso, da fartura de uma terra tão linda, fértil e generosa. Todos contam a origem do carnaval.
O povo convocado para se divertir, quase se desculpa por tanta alegria, diante de uma pátria aflita e sofrida que forja imagens e cores, carícias e amores, danças e cantos, para amenizar o que o mundo vê, lê e sabe sobre o Brasil.
O Carnaval e o futebol batem no coração do povo, quase representam o desabafo do pobre, que apesar do sofrimento, não perde o jeito de ser feliz.
Quando o Brasil está de olho no carnaval e na Copa do mundo, desliga-se de tudo, movido por estas duas paixões nacionais, para depois seguir vivendo, sofrendo e continuar lutando.
Qual a origem do Carnaval?
Milhares de anos atrás, povos de agricultores que viviam no Hemisfério Norte, se mascaravam, imitando os animais, dançavam e comemoravam as boas colheitas.
No Egito, os foliões usavam máscaras e disfarces, simbolizando a inexistência de classes sociais.
Os portugueses trouxeram o carnaval para o Brasil, no ano de 1.700, cuja tradição na Europa tinha sido transferida para uma semana antes de começar a quaresma. Foi em Veneza que a festa tomou as características atuais: máscaras, fantasias, carros alegóricos e desfiles. No Brasil, surgiram primeiro os clubes carnavalescos, depois as escolas de samba, até chegar à grande festa que vemos hoje. Festa de samba, shows, desfiles de fantasias, carros alegóricos, com muita libertinagem e morbidez. Porém, alegria sempre, confusão nunca.