É o segundo incêndio em tempos recentes que destrói nossos arquivos históricos... Triste coincidência ou simplesmente descaso com a cultura? Com nossas relíquias?
Difícil entender, afinal já somos conhecidos por um povo sem memória que não se preocupa com sua história e com seu passado.
Muitos de nossos jovens desconhecem muito de nossa história, não conhecem nossos museus, aliás, muitos brasileiros desconheciam por completo o que existia nos dois museus que perderam a maior parte de seus acervos por conta de incêndios.
Foi pelos noticiários que muitos tomaram ciência das múmias egípcias adquiridas por Dom Pedro II, nosso segundo Imperador, que incentivava e cultivava hábitos culturais bastante avançados para o seu tempo.
O crânio de nossa ancestral Luzia, livros, cartas e esqueletos de fósseis que não havia em outros museus. Pouco sabíamos nós dessas riquezas que habitavam o antigo palácio da monarquia no Rio de Janeiro.
Só após o incêndio ficamos sabendo que o palácio fora residência de um rico traficante de escravos, antes de se tornar a residência de Dom João VI e de sua família, que foi ali que cresceu o jovem imperador Pedro, que mais tarde iria proclamar a nossa independência.
Evoluímos, temos acesso a tantas modernidades, mas não cultivamos mais o hábito de visitar museus e exposições de interesse histórico e cultural.
Aqui mesmo em nossa região temos obras arquitetônicas antigas e de importância que sequer sabemos onde ficam e qual a sua origem.
Ficamos revoltados quando certos seguidores do islamismo destruíram Palmira, que só conhecia quem estudava e se interessava pela história antiga de nosso planeta, vimos esculturas antigas serem derrubadas por bombas e transformadas num monte de poeira.
Aqui em nosso país sem que percebamos, casas antigas decoradas com azulejos pintados à mão estão ruindo, antigas construções que fazem parte da história de nossas cidades vão sendo demolidas para darem espaço para prédios modernos, que irão abrigar escritórios e residências, que rapidamente nos farão esquecer a importância de podermos mostrar para nossas crianças e jovens o significado do respeito para com nosso passado.
Restarão fotografias que não serão capazes de retratar com fidelidade a beleza e a grandeza dessas relíquias.
Houve um tempo em que excursões eram programadas e ansiosamente aguardadas pelos estudantes, pois, iriam conhecer a história e seus objetos de perto, sentirem-se contaminados pelos fatos ali relatados pelos guias empolgados por estarem cercados de móveis, roupas, utensílios e raridades, que um dia fizeram parte do cotidiano de pessoas que fizeram a história do nosso país, que permitiram e auxiliaram na chegada do progresso para o nosso povo.
Só podemos esperar que após esse incêndio nossos governantes sejam tomados de maior responsabilidade e tratem nosso patrimônio histórico com mais respeito e valor, permitindo que sejam preservados e mantidos em condições seguras, para que no futuro novas gerações possam conhecer seu passado e até mesmo as pesquisas que acontecem em busca da evolução.