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Jornal Diário de Suzano - 18/04/2024
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Coluna

Disparidades sociais

11 novembro 2019 - 23h59
A chuva contínua e fina permite aos mais afortunados usufruir de um café com pipoca ao entardecer, curtindo um bom programa de televisão, aquecido por um cobertor e o carinho da família.
Entretanto, se observarmos cuidadosamente veremos que muitos estão ao desabrigo, não tendo sequer uma roupa seca para trocar ou um lugar para se proteger.
Na minha vida que já somam algumas décadas, já vi muitas épocas de situações difíceis, de agruras, de desemprego, de dinheiro curto e alto custo de vida, mas é a primeira vez que vejo tantas pessoas enfrentando a dificuldade do desemprego, do desalento de não ter o que comer, de ter que pedir para alimentar a si e aos filhos.
O número de moradores de rua vem aumentando a olhos vistos, e não mais se trata de um ser humano que decidiu abandonar a família e viver solto por aí...
Vemos debaixo de pontes e viadutos, de marquises e dos locais cobertos, famílias que foram obrigadas a abandonar seus lares por não ter como pagar o aluguel e enfrentaram a dureza do despejo, tendo que desfazer dos seus poucos bens para poder manter distante a fome.
Vejo nos portões, homens simples pedindo emprego, qualquer tipo de serviço, para poder comprar comida para a família, que alegam os aguardar com alguma coisa, pois, ao sair nada deixaram a não ser a esperança de voltar trazendo o pão e com sorte talvez outras coisas para alimentar e aquecer o estômago faminto.
Aqueles que estão em situação um pouco melhor e que conseguem manter a família com um mínimo de conforto e alimento, se desfaz dolorido de seus animais, afinal uma boca a mais pesa no orçamento já minguado de muitos, foi-se o tempo que uma boca a mais não fazia diferença... Não havia muito dinheiro, mas alimento não faltava...
Noutros tempos as famílias eram numerosas, muitos filhos e ainda conseguiam criar os sobrinhos que vinham do interior para estudar ou trabalhar, no entanto, com o passar do tempo notamos a diminuição do número de filhos e não se fala mais em abrigar familiares vindos de outras cidades... 
Tempos difíceis estes que vivemos onde uns parecem não perceber o que acontece e desfilam seus veículos novos, suas sacolas de compras nos shoppings enquanto outros lutam para manter o emprego de baixo salário, mas que permite o conforto do abrigo de uma casa e do alimento na mesa, mesmo sem fartura.
As notícias políticas não nos alentam, vislumbramos uma melhora que caminha a passos lentíssimos, mas que talvez só venha favorecer nossos filhos e netos, para o momento e por algum tempo, parece que teremos que nos acostumar com essas agruras e a tristeza da disparidade social que nos atinge, onde muito se fala de justiça social, de direitos para todos, de igualdade, de sermos um grande país mais humano e bem administrado, mas o que percebemos é a dificuldade da maioria, de norte a sul, independente do grau de escolaridade, da classe social, da cor ou religião, a maioria enfrenta o desemprego e nuvens escuras em seus horizontes...
Chegamos num ponto que só nos resta a fé de que tenhamos dias melhores...