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Jornal Diário de Suzano - 16/04/2024
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Coluna

Do Paraná no Brasil à Vendeia na França

03 agosto 2017 - 06h00
Ibiporã (PR) tem aproximadamente 52 mil habitantes e desde 2009 faz a coleta seletiva dos resíduos sólidos produzidos no município.
O município, desde então construiu um conjunto de instrumentos para a realização do referidos trabalho, seja em termos de orçamento público, fortalecimento da secretaria municipal do meio ambiente, seja também em termos de legislação específica e de tornar pública as informações seja das quantidades de resíduos coletadas, seja relativa ao trajeto feito diariamente pelos coletores, além das campanhas de sensibilização com material bem produzido.
Em 2010, foi aprovado, em Ibiporã, o Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos Sólidos; e em 2011 foi aprovado o Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil em consonância com a Resolução 307/2002 do Conselho Nacional de Meio Ambiente.
A coleta seletiva é feita, em Ibiporã, a partir da separação domiciliar de três tipos de resíduos: os rejeitos destinados ao aterro sanitário e dos quais fazem parte fraldas, papel higiênico, absorventes, papéis sujos e tudo que não puder ser reutilizado ou reciclado; o lixo reciclável, composto por plásticos, vidros, metais, alumínio, papel e papelão, e tudo que possa ser reutilizado; e finalmente, o resíduo orgânico, composto por restos de comida, cascas de frutas, verduras e sobras de alimentos que, por meio da compostagem, viram adubo.
De acordo com as estimativas locais, em 2016, em Ibiporã, eram gerados 800 gramas de resíduos por habitante por dia, dos quais 45% eram orgânicos e 40% recicláveis.
Na Europa, o lixo contém, em média, 27% de embalagens (plástico, vidro e outros), 10% de papel, 9% de material de construção, 9% de produtos diversos (tecidos, equipamentos de informática dentre outros), 27% de resíduos alimentares e 18% de resíduos de jardim provenientes de áreas verdes, ou seja, pelo menos 45% de resíduos orgânicos úmidos.
Parte significativa do lixo europeu é queimada ou incinerada, o que demanda muita energia, seja para o transporte por caminhão dessa quantidade volumosa de lixo principalmente quando se trata de lixo orgânico seja para a queima.
A questão dos aterros sanitários e incineradores é preocupação tanto no Brasil quanto na Europa. Os incineradores, apesar de absolutamente ineficientes em países tropicais, estão sempre ameaçando virar moda no Brasil por atos inconsequentes de algum político ou gestor público de plantão.
Na França, em 2000, a Comuna de Saint-Philbert-de-Bouaine, de 3 mil habitantes, localizada na Região de Vendeia, se opôs à construção de um aterro sanitário que ocuparia 60 hectares. O movimento de recusa tornou-se também movimento propositivo. A população local propôs alternativas construtivas. Foram dois anos de luta, persuadindo e convencendo tanto outros populares quanto autoridades locais, departamentais e regionais, e também procurando dinheiro.
Em 2002 foi inaugurado no centro da cidade uma composteria coletiva de 2,5 mil m². Desde então, três vezes por semana, o Centro de Compostagem recolhe os resíduos verdes das residências. Os proprietários de restaurantes e lanchonetes foram sensibilizados e convencidos a colaborar. Ao todo, 80% da população aderiu. Na França há uma estimativa de que cada francês produz aproximadamente 400 kg de lixo por ano. Em Saint-Philbert-de-Bouaine são aproximadamente 30% da média francesa, ou seja, 120 kg.
De Ibiporã, Paraná, Brasil à Saint-Philbert-de-Bouaine,Vendeia, França há soluções para a destinação final dos resíduos sólidos. Não faltam experiências bem sucedida.