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Jornal Diário de Suzano - 24/04/2024
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Coluna

Eleições para Presidente: de 1989 a 2018

23 outubro 2018 - 23h59
Em 1989, primeira eleição direta para presidente da República depois do golpe militar de 1964, eu tinha 15 anos. Eram 22 candidatos. De um lado, os que apoiaram a ditadura, dentre os quais: Afif (PL), Aureliano Chaves (PFL), Collor (PRN), Maluf (PDS) e Caiado (PSD). Do outro, os que defendiam a democracia e as eleições diretas, dentre os quais: Brizola (PDT), Gabeira (PV), Lula (PT), Covas (PSDB), Roberto Freire (PCB) e Ulysses Guimarães (PMDB). Na ocasião, no primeiro turno, apoiei Covas. No segundo turno, junto a um grupo de companheiros de militância política, escrevemos, assinamos e apoiamos a candidatura Lula.
Agora, passados 30 anos, além de apoiador, sou eleitor também. No primeiro turno dessa eleição de 2018 tivemos 13 candidatos para presidente: Haddad (PT), Bolsonaro (PSL), Álvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Eymael (DC), Alckmin (PSDB), Boulos (PSOL), Meirelles (MDB), Amoedo (NOVO), Goulart Filho (PPL), Marina (REDE) e Vera (PSTU). Votei, junto a 1% dos brasileiros, em Marina (REDE), cujo vice foi Eduardo Jorge (PV). Meus parâmetros para votar neles foram o programa de governo; a história de vida dos candidatos; as realizações dos mesmos nos postos que ocuparam tanto no legislativo (Senadora e Deputado) quanto no executivo (Ministra e Secretário); e, sejamos honestos, a empatia pessoal que nutro pelos dois.
Neste segundo turno, o Brasil está dividido. A cada dia tenho mais convicção de que o motor da política são as paixão. Assim, além de minhas afeições e paixões, procuro alguma racionalidade.
De um lado vejo a corrupção denunciada desde há muito tempo. Verifico que o partido denunciado já foi denunciador. Lembro do escândalo das pedras preciosas envolvendo o então ministro Abi Ackel nos tempos da ditadura, a denúncia de desvio de "merenda" em São Paulo mais recentemente e tantas outras. Então, embora condene a corrupção e acredite na importância da autocrítica e na revisão dos métodos do PT, não posso acreditar que a corrupção seja atributo único e exclusivo desse partido. Além disso, do ponto de vista social, o PT, e também Fernando Henrique Cardoso (PSDB), procuraram, com certo sucesso, reduzir a pobreza e universalizar direitos sociais.
Do outro lado, vejo a candidatura da "aventura" e do ódio. O programa é incompleto e inconsistente. Vejo abuso da boa-fé. É verdade que a classe política não conseguiu criar uma alternativa ao PT e também por isso, contribuiu com o crescimento do candidato "aventura". Trata-se de uma candidatura que, pelas entrevistas e exposições, apresenta um implacável risco à democracia, aos direitos civis, ao meio ambiente, às políticas sociais, e à diversidade cultural e ambiental do Brasil. Indica o desmonte da frágil estrutura de proteção ambiental; ataca os direitos e desrespeita as comunidades indígenas e quilombolas; incita sistematicamente o ódio, a violência e a discriminação; ataca as instituições democráticas, desrespeita o Poder Judiciário, desacredita das urnas e do processo eleitoral; agride verbalmente a comunidade GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais), índios, quilombolas, mulheres, negros e pobres. Eis um paradoxo: o candidato ataca a maioria dos eleitores e ainda assim obtém, nesse grupo, parcela de seus eleitores.
Então, retomo os parâmetros usados no primeiro turno: análise do programa de governo; história de vida dos candidatos; realizações dos mesmos nos postos que ocuparam tanto no legislativo (Deputado de um lado) quanto no executivo (Prefeito e Ministro); e, finalmente a empatia. Diante do exposto, nesse segundo turno, depois de apoiar Covas e Lula nas eleições de 1989 e de votar em Marina e Eduardo Jorge no primeiro turno de 2018, meu voto é para o professor Fernando Haddad.