A luz divina invisível e eterna nos liberta da tirania da morte.
Voar para a luz divina é o destino de todos os homens.
Voar com o peso do corpo não será possível. Voar como criaturas novas, com um corpo celeste a semelhança do corpo celeste de Cristo, de Maria e dos Santos, é o maior milagre que Deus realizará para restituir um corpo novo, celeste e glorioso a todas as criaturas chamadas a participar da vida divina.
Um acidente, há um ano, tirou a vida de Clara, criancinha suzanense de oito meses.
Clarinha Carnevale, uma florzinha promissora, parou de viver às 21 horas do dia 24 de junho quando estava se mexendo no carrinho de bebé. Inconsoláveis e desolados ficaram diante da tragédia o pai André e a mãe Helena que estavam terminando o dia bem longe de pensar a um drama que estava acontecendo em casa à pequena Clara. Estarrecidos não acreditaram naquilo que viram. De repente, lamento e choro cortaram o silêncio da noite. André e Helena são um casal relativamente jovem e tinham apenas a Clara como única filhinha.
Ofegante e quase sem respiração, Clara fechou os olhos para sempre, olhando, porém, a luz divina por entre uma escuridão passageira.
O velório foi acompanhado por muitos suzanenses e a sala mortuária estava cheia de pessoas e de coroas de flores que quase não dava para ver o carrinho sobre o qual havia a caixinha e o corpo da pequena Clara dormindo o sono eterno.
Todos os presentes estando de pé inclinavam a cabeça para ver o rostinho sereno, puro, e celestial do anjinho. A vida de Clarinha entre os dois tempos do nascimento e da morte foi curtinho. No entanto sabemos que se aqui na terra o tempo de uma utópica vida eterna é impossível, Deus nos oferecerá depois da morte a verdadeira vida eterna plena e perfeita. Nenhuma criança falecida quando criança, ficará criança após a morte. Nenhum velho ficará velho e nenhuma mal nos afetará, mas em tudo, no corpo e na beleza da alma os homens se assemelharão a Cristo e as mulheres a Maria Santíssima. Quando parece que nada acontece após a morte, há, dizia Guimaraes Rosa “Um milagre que não estamos vendo”. Com Cristo, com Nossa Senhora e com os que já deixaram esta terra, realizaremos o nosso sonho de felicidade. As palavras de Cristo nos consolem: “Quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá” (João 11,25-26) O verdadeiro destino, o verdadeiro fim do ser humano não é a morte mas sim, a vida. Que André e Helena e os avós tenham um olhar de esperança de que o lar e sobretudo o coração, não ficarão vazios.
Clarinha não se antropomorfizará, e ninguém poderá vê-la de novo aqui na terra. Agora, é uma criatura celeste com a personalidade de uma jovem mulher dotada de pura e plena inteligência espiritual. O silêncio de Clara não é de morte, é um silêncio sem choro, sem ruído, sem lamento. Ela continuará a fazer parte do tecido das relações em sintonia espiritual com Deus e conosco. O mundo celeste será sempre para os terrestres um inesgotável mistério.
Felizes os que sem terem visto as coisas do céu, creem. Sem a Clara, a vida de André, de Helena e dos avós foi marcada pela dor, carregando uma tremenda ferida. O sofrimento, porém, que é vivido com Jesus é libertador e nos traz a paz e o consolo de Deus. Os suzanenses, os familiares e os amigos maçons do sr. Luis deram um belo testemunho de solidariedade, repleto de emoção e comoção. Neste sentido a nova vida de Clara ganha uma dimensão ainda maior por ser reconhecida um anjo na terra e no céu.