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Jornal Diário de Suzano - 14/04/2024
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Coluna

Hora de Poetar

15 setembro 2017 - 22h52
Escrever crônica é escrever para Jornal, para o povo que lê Jornal. Então, não existe no caso a “vantagem” de ter “branco de escritor”, isto é, ficar sem assunto, não saber o que escrever.
Não costumo ter esses brancos na minha vida de escritor. 
Ou melhor, nem lembro disso ter me atacado. Mas sei, já presenciei o tanto que, padecem desse mal alguns amigos, escritores e poetas. Já fiz poemas sobre esse sofrimento. Deixar a Poesia lhe escapar, deixar que ela se escorra pelos seus dedos sem que você a possa reter é muito triste. 
É como perder um tanto do encantamento de se ver o mundo, cada paisagem que se nos oferece. Sei o quanto é trágico isso tudo. Vamos mudar de assunto.
Escrever tem regras, tem ordenamento. Esta semana conversando com uma amiga que está estudando para sua pós-graduação em Direito, falávamos sobre a redação jurídica. Uma petição jurídica tem lá sua ordem rígida: Identificação (apresentação do solicitante); Desenvolvimento (relato dos fatos); Pedido (o que se requer). Todas as demais redações, científicas ou jornalísticas, tem também sua ordem: Introdução (apresentação do assunto); Desenvolvimento (explicitação do tema tratado); Conclusão (fechamento, finalização do assunto relatado).
 
A crônica, como uma contribuição literária, algo artístico, no mesmo espaço em meio ao Jornal, tem muito mais liberdade. Você pode começar pelo fim, pela conclusão, criando muitas dúvidas, depois voltar e dirigir-se a introdução do tema, ou continuar pelo seu desenvolvimento. 
No Jornal tudo tem de ser explicito, bem claro, bem fácil de entender. Mesmo na crônica você não pode se permitir demasiada complicação do texto. Mas alguns toques podem ser desferidos para reflexão mais atenta do leitor. E pode usar mais metáforas, símbolos onde se usa um assunto para tratar de outro. Um toque simbólico da poética, do jeito artístico de escrever, mais suave, mais agradável, pode ajudar a aliviar o leitor das tragédias do cotidiano que entopem os jornais diários.
 
Além disso, o cronista pode se alargar a temas bem mais amplos do que aqueles a que o jornalista está, necessariamente, preso, restrito numa reportagem. 
O cronista pode tratar de qualquer assunto, arte, ciência, ideologia, música, filosofia, religião, cultura, economia, política, autoajuda e por aí se vai. Mas tudo o que escrever, até por essas amplas condições, é de sua própria responsabilidade pessoal, claro.
 
Com certeza, nesses trinta e tantos anos em que escrevo e publico minhas crônicas aqui no Diário de Suzano, não trato sempre do mesmo tema. Vario sempre. 
Mas mantenho um propósito, o de estimular as pessoas, meus leitores, meus amigos, meus parceiros, a olharem melhor o mundo, o universo, as paisagens e as pessoas, seres e coisas, a sua volta. “Você é a Poesia”. 
Foi assim, com esse tema, esse tratamento, que escrevi um poema, que o amigo Luis Felício, que mantem a TV FATO no YouTube, filmou minha declamação e repassou. Curtam esse vídeo quanto puderem.