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Jornal Diário de Suzano - 23/04/2024
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Coluna

Invocado!

01 julho 2017 - 06h00
De fato, estava me sentindo invocado. Mas como as palavras mudam no tempo e no espaço, fui tentar explicitar a expressão do meu sentimento. Peguei o dicionário. Lá estava, “invocação”, substantivo feminino. Podia funcionar como um “ato ou efeito de invocar”. E o que é isso? Bom, seria um “chamamento em auxílio, um pedido de socorro”. Mas também podia ser, “uma alegação, uma exposição de fatos, bem como “razões e argumentos”. 
Com isso teríamos uma maneira de nos sentirmos enraivecidos por algo que não anda funcionando bem para nós.
Então, vamos lá explicitar o que sentimos.
Não andamos nada satisfeitos. Dizem que a inflação diminuiu, e continua diminuindo. Concretamente, deixamos de comprar o que comprávamos. Se não vendem, não há porque aumentar os preços. E não compramos por quê? Estamos fazendo economia? Bom, isso tem lá sua verdade, mas, no fundo, muito além da economia que se faça, não compramos por absoluta falta de dinheiro que garanta nosso fim de mês. Bom, temos de escolher o que comprar. Se não dá, deixamos de comprar.
Não andamos nada satisfeitos. E como poderíamos estar? Se a questão da economia brasileira não vai bem, como inventar alegando que isso é positivo? Tem muita gente que não só não pode comprar porque a coisa está cara, mas também porque perdeu o emprego. Nem tem ideia de quando vai recuperar suas antigas condições. E sabe que se não mudar a situação vivida terá de se desfazer da sua casa, do seu carro e por aí vai, assim vai ficando mais triste e enraivecido.
Não andamos nada satisfeitos. Não só empresários vão mal, não conseguem comprar, nem vender. Os Poderes Públicos vão muito mal igualmente. E não conseguem pagar seus fornecedores para atender a demanda da coisa pública. E muitos nem conseguem pagar o primeiro nível, os servidores públicos, que exercem nos poderes municipais, estaduais e federal. Ou pagam sem reajuste por anos, mesmo no tempo de inflação alta. 
Não andamos nada satisfeitos. Não padecemos só pela nossa má administração da miséria súbita que alcançamos pela má gestão da coisa pública. Padecemos também porque a crise política é imensa, é vergonhosa, é humilhante. Exatamente por consumir bilhões de moedas. Parece coisa de se perder a esperança, não haver escape. O furto é monumentalmente mais contundente quando exposto a quem reduz até na compra da sua comida.
Não conseguimos convencer que podemos melhorar a situação da nossa própria gente. E lá fora, os demais países nem mais confiam em nós. Só nesses poucos meses deste ano duplicamos o número de famílias que abandonaram o nosso País. Como confiar em nós mesmos? Como mudar já para melhor? Quanto teremos de esperar para chegarmos ao confiável equilíbrio sócio-político-econômico? Tínhamos a encenação de uma comédia. Virou drama rapidamente. Há quem deseje que vire tragédia. Gostaria de ver um intervalo antes da cena final.
Será que podemos crer nessa viabilidade? Invoco minhas esperanças...