sexta 19 de abril de 2024Logo Rede DS Comunicação

Assine o Jornal impresso + Digital por menos de R$ 34,90 por mês, no plano anual.

Ler JornalAssine
Jornal Diário de Suzano - 19/04/2024
Envie seu vídeo(11) 4745-6900
Coluna

Luto na Metalúrgica Rocha de Suzano

02 março 2018 - 06h00
Renato Rocha tinha toda a inspiração para implantar em Suzano uma empresa metalúrgica de ferragens. Deixou São Caetano do Sul, onde desde os seus 18 anos trabalhava na oficina do pai Domingos. Em 1974, veio à Suzano trazendo para a cidade a sua experiência de empresário na produção de ferragens: dobradiças, parafusos, rebites, porcas e outras peças usadas nas construções. Renato Rocha, falecido no dia 25 de fevereiro (domingo passado) aos 89 anos, era casado com dona Teresa de Lourdes e teve dois filhos: Carlos e Roseli, já falecida. Atualmente, Carlos junto à sua esposa Clarice e o seu filho Marcelo, administram toda a produção, que na década dos anos 90 exigia a mão de obra de um número bem alto de funcionários.
O sr. Renato comprou um terreno no bairro “Meu Cantinho”. Foi audacioso em acreditar no futuro do seu trabalho. Talvez uma multinacional, ou uma grande indústria já credenciada em outras cidades poderia dizer algo para a população de Suzano. Mas um pequeno empresário, não conhecido, qual certeza poderia oferecer na admissão de operários, na produção e na venda do material? O progressivo crescimento produtivo favoreceu a expectativa do Renato e dos funcionários que trabalhavam cheios de perguntas e dúvidas. Mas após algum tempo, comemoraram e festejaram o sucesso da empresa.
Suzano conheceu outros empreendedores que começaram sonhando um futuro radiante sem muitos recursos e deixaram aos filhos uma grande empresa, como a Emibra Indústria de Embalagens dos irmãos Braghiroli da qual sentem grande orgulho, graças à ousadia do pai, Sr. João. Ele deixou um posto de gasolina e iniciou essa indústria, que hoje é conhecida no Brasil inteiro. A mesma coisa posso dizer do Marcos Antonio Silva (esposo da Camila) que começou a fabricar luminárias com um ajudante, num pequeno quartinho e hoje as luminárias brilham numa grande empresa, a Newline, localizada no Jardim Aérodromo Internacional, onde trabalham 250 funcionários.
Tive a oportunidade de conhecer o Sr. Renato há 30 anos, através de um amigo que era responsável pelo Departamento Pessoal e me convidou para visitar a Empresa.
A minha visita tocou o coração do empresário Renato, amigo do Pe. Bernardo, que havia abençoado o início do empreendimento industrial.
Em 1988, o Sr. Renato presenteou a mim e ao Pe. Bernardo dando a cada um, uma cesta de Natal. Desde aquele ano até o Natal de 2017, durante 30 anos, sempre fui agraciado com uma cesta de Natal. Em dezembro passado fiz a minha última visita ao sr. Renato na sua casa. Estava um pouco debilitado, mas exuberante na conversa, contando toda a sua história. Já havia deixado ao filho Carlos, todo o universo industrial por ele construído e aos 7 netos e 5 bisnetos deixou um grande amor e uma grande dor pela sua partida. No silêncio que se seguiu às despedidas na hora do velório, o extinto deixou correr o seu rosto nos corações de todos e sobretudo dos seus amados operários que aí estavam. Deixou tanta saudade, que parecia difícil disfarçar a dor pela perda de um grande sonhador, lutador e realizador, que se apoderou de um projeto ousadíssimo e o levou adiante com muita fé, garra e coragem. O progressivo afastamento do Sr. Renato da sua firma não desacelerou o ritmo e a produção das ferragens, porque os operários reconhecendo o carisma do filho Carlos e do neto Marcelo à frente da gestão, continuam fiéis, dignos e dedicados ao serviço, ficando silenciosos ao lembrar do Sr. Renato, que continua a passar como um anjo no meio deles.