Aquele que nasceu na gruta de Belém, vive. Ele é eterno! Vindo à Terra, abrira mão de tudo o que possuía: divindade, glória, imortalidade, deixou que a natureza humana e a consciência que se encontra no início da vida de um bebê tomassem conta dele.
Por ter nascido num lugar pobrezinho Jesus adaptou-se a viver durante a sua vida num vilarejo pobre e desprezível. Por ter sido rodeado na hora do seu nascimento de pastores e beduínos que viviam à margem da sociedade, aprendera a se aproximar dos marginalizados e excluídos.
Intuitivamente, desde os primeiros dias de vida, Jesus somou na sua mente fatos que marcaram a sua existência e determinaram o rumo de sua missão na Terra.
Após nove meses de gravidez, Maria deu à luz o seu filho primogênito. Deus quis ser um de nós e nasceu numa gruta. Naquela noite santa brilharam no céu a lua e as estrelas, os astros e as constelações. Todo o firmamento acolheu o Deus- Criador que se fazia criatura.
O berço feito de palha, cercado de animais do campo, era parecido com o esconderijo das criancinhas dormindo debaixo dos viadutos cercadas por gatos e cachorros.
Jesus curtiu os primeiros dias de vida no acampamento dos pastores ouvindo o barulhinho tenro e suave dos cabritos, cordeiros e ovelhas.
Por isso quando adulto, na sua pregação encantava as multidões com comparações quase todas do mundo rural. Comparava a realidade e o crescimento do Reino à semeadura que deixa o agricultor em ansiosa espera até aparecer o trigo, as flores, os frutos. Deslumbrava-se a mente e a imaginação do Menino Jesus com o mundo que o rodeava. De um lado havia pobres, favelados, pastores, beduínos, oprimidos, sofredores, mendigos e prostitutas. Do outro os senhores, os poderosos, os invasores, exploradores, sanguinários e promotores de guerra.
Gravavam-se na mente do Menino as imagens do cotidiano, a realidade do mundo e de como funcionava a vida do povo, com seu cenário triste e desafiador.
Precisava que o mundo fosse invadido pela beleza do projeto divino, cativado pela inefável aliança com Deus, seduzido pelo sublime diálogo com o Altíssimo.
Jesus era e continua ser a última esperança para implantar a verdadeira civilização.
Somente Ele podia e pode inundar a alma do mundo com as belezas divinas.
Quando adulto, Jesus mostrou sua capacidade em levar o povo a celebrar alguns mínimos sinais de beleza, ensinando a apreciar o branco dos lírios, o azul do céu, as veredas encantadas, brilhantes e sorridentes e indicando o caminho para ser felizes.
Cresceu com a firme esperança de ver o mundo mudado, transfigurado, renovado e transformado. Quando adulto mostrou que havia sementes a serem espalhadas por todos os cantos da Terra. Levou as pessoas a descobrir o aceno divino que habita em cada criatura.
Em Belém nasceu um lindo rebento do tronco de Iessé e da descendência de Davi, que ao anunciar as alvíssaras do Evangelho restituiu novas esperanças ao povo que sofria debaixo da opressão há tanto tempo. Hoje a humanidade nova engatinha persistente para um caminho que se abre entre a realidade amarga de loucos e deserdados, de corruptos e gananciosos e a vida que prossegue enquanto muitos lutam pelo direito e pela justiça.