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Jornal Diário de Suzano - 19/04/2024
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Coluna

O poder de se indignar

21 novembro 2017 - 05h00
Todos os dias temos inúmeros motivos para nos indignar e agir de maneira que tornemos nossa indignação sentida e ouvida...
Vemos situações de agressividade, de menosprezo, de sofrimento e não podemos simplesmente fazer de conta que não nos atinge, que não nos afeta e não nos diz respeito.
É por agirmos dessa maneira, sempre acreditando que alguém vai tomar alguma providência, que acabamos no buraco que estamos e onde agora parece tão difícil sair. Fomos deixando acontecer, acreditando que seria passageiro, que era normal, que afinal todos agiam assim, que roubar um pouco do muito que se pagava, mas ver algum trabalho feito já nos bastava... E foi assim que vendo que não nos afetava o quanto errado tudo se encaminhava e que era fácil nos ludibriar que foram tomando conta, como se somente eles enxergassem tudo como realmente acontecia e nós estivéssemos com olhos vendados crédulos e confiantes.
Quando vemos uma ordem de prisão para bandidos com poder ser descumprida tornamos isso uma piada, piada sem graça, em um país sem ordem e sem respeito, onde a impunidade é que prospera e muitos de nós nem mesmo se indigna, até acha que na atual conjuntura é normal!
Quando somos obrigados a assistir na tevê campanha política de alguém que deveria estar preso, banido do partido e ainda com enorme aceitação popular, ficamos imaginando que somos mesmo um país de maioria analfabeta e aparentemente surda e cega também, afinal não é possível que não vejam e ouçam a realidade cruel mostrada nos jornais diariamente.
Não mais comemoramos com orgulho a proclamação da república, o início da democracia, nem lembramos que se comemora o dia da bandeira, simplesmente comemoramos o fato de termos feriados prolongados para ficar em casa ou passear despreocupados. A nosso Bandeira parece se tornar importante nos campeonatos de futebol e nos demais esportes, quando atletas as estendem enquanto comemoram algum título, perdeu o seu simbolismo de representar nossa Pátria, que era tão amada e da qual nos orgulhávamos tanto.
Estamos perdendo a noção do que é certo e do que é errado... Achamos normal que assaltos aconteçam, afinal não temos segurança, o poder público não toma providência, mas, se vemos um fato desse acontecer, não nos envolvemos, não queremos testemunhar para não nos comprometer e assim cerceamos o trabalho policial de pesquisa, não os auxiliamos e achamos normal.
Vivemos uma vida irreal onde deixamos à mingua seres humanos sem nenhum remorso e nos indignamos e achamos absurdo o abandono de animais que também sofrem por conta de nossa desídia.
A morte violenta tornou-se tão banal que nem mesmo nos afeta, vemos, ouvimos e passamos por pessoas agredidas e mortas como fato corriqueiro e natural, só nos afeta quando acontece em nossa família, aí gritamos aos quatro cantos a nossa indignação...
Não podemos deixar que a conduta desonesta, que a violência, que a agressividade, as mortes desnecessárias, seja no trânsito, nas brigas, nos assaltos, que a política corrupta se tornem fatos rotineiros e normais, não podemos perder o senso de indignação o poder de nos indignar para que possamos mudar o rumo deste país.