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Jornal Diário de Suzano - 14/04/2024
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Coluna

O triunfo do futebol

14 junho 2018 - 23h59
O futebol é uma paixão mundial, sobretudo quando se inicia a Copa do Mundo. Todos os meios de comunicação não deixam de falar do grande evento esportivo. Nesses dias, a paixão da cultura popular é futebolística, nas conversas, no trabalho, nos barzinhos, nas lojas e nos meios de comunicação.
Ao se falar em futebol e carnaval no Brasil, nos deparamos com um país imaginário, fantástico, porém, muito distante do Brasil real que mergulha na desigualdade, na corrupção e no clientelismo partidário e de parentesco.
Este abismo crescente é reflexo de uma política sem ética e sem compromisso com o povo, com um total desrespeito com mais de 200 milhões de brasileiros.
Neste evento esportivo, 32 países se classificaram para o torneio, que neste ano será na Rússia. Durante duas semanas, os jogadores competirão pelas seleções de seus países, promovendo o melhor espetáculo nos estádios para o mundo inteiro, tirando de cena os políticos, administradores e governantes e tornando-se os heróis nacionais do momento. É verdade que para se classificar ou para fazer parte da seleção, os jogadores se sacrificaram, quebraram barreiras, venceram competições difíceis, porém, o prestígio alcançado com as proezas e conquistas esportivas e atléticas, não irão melhorar os indicadores sociais. Por outro lado, o heroísmo dos jogadores encanta o público, seduz a multidão dos torcedores e sobretudo das crianças que vivem nos porões da pobreza. Em vista de um futuro melhor, crianças e adolescentes treinam e jogam nos campos de futebol, almejando iniciar uma carreira profissional. Podemos assistir a belas competições, mas não devemos nos iludir, pensando que as vitórias do Brasil na Copa eliminarão as desigualdades sociais, a corrupção, o analfabetismo, a violência e a pobreza. Precisamos estar de olho nas eleições de outubro, escolhendo políticos que acompanhem a vida do povo, partilhando seus anseios, esperanças e conquistas A paixão pelo futebol é frágil, não dá nenhum sustento aos sonhos para a realização num futuro melhor. Paixão frágil, enquanto continuamos passivos diante de uma política protetora dos corruptos e da impunidade. Assistir aos jogos significa enclausurar-se. Enjaulamos outras espécies, agora nos encerramos nos bares e nos clubes. Todos sabem a hora exata do início do jogo da seleção brasileira, até parece acontecer o toque de recolher. As estradas ficam vazias, o comércio sem movimento e muitos setores públicos fechados.
Há necessidade de dominar esse comportamento alienado que deixa o povo conviver com a corrupção, com a impunidade e com um sistema gerador de desigualdades sociais. É incontestável, mas também vergonhoso que o mundo inteiro, os meios de comunicação e quase todos os jornais vinculam o Brasil não a um turismo altamente avançado, não à saúde com o melhor atendimento aos pacientes, não às escolas capazes de formar e educar, mas apenas ao carnaval e ao futebol que se tornaram “emblema” de brasilidade. Os dois eventos imobilizam o país. O povo desliga-se de tudo para matar as saudades destas duas paixões nacionais e recomeçar tudo do zero.
A população, convocada para se divertir no estádio ou no sambódromo, quase se desculpa por tanta alegria, diante de uma pátria aflita e sofrida que forja imagens e cores, carícias e amores, danças e cantos, para amenizar o que o mundo vê, lê e sabe sobre o Brasil. Carnaval e futebol batem no coração do povo, quase representam o desabafo do pobre, que apesar do sofrimento, não perde o jeito de ser feliz.