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Jornal Diário de Suzano - 18/04/2024
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Coluna

Planejamento urbano e dinâmica imobiliária

06 junho 2018 - 23h59
A humanidade passa por uma transformação nunca vista antes em suas cidades. Pela primeira vez na história, nossas cidades são mais urbanas que rural. Em 2011 batemos a marca de 7 bilhões de habitantes na Terra, no entanto, um ano antes deste feito, arquitetos e urbanistas presenciavam a inversão territorial e pesquisas demonstram que antes de meados do século XXI, 75% da população viverá no meio urbano. Assim podemos afirmar desde já que somos hoje um Planeta Urbano. 
Diante desta realidade, a pergunta que nos fazemos de imediato é: como as cidades contemporâneas devem se comportar para atender esta demanda que cresce continuamente?
Desde os anos 1980, diversos lugares no mundo se transformam constantemente em busca de soluções. A princípio, os principais polos europeus, como Paris, Londres, Amsterdã e Barcelona, desenvolveram planos que vislumbrassem a requalificação urbana de parte de seus territórios e reordenassem o tecido urbano de forma a abrigar as possibilidades de uma cidade global. Grandes projetos, como o Paris Rive Gauche no 13º arrodisiment (distrito), em Paris, e mais recentemente (1990) as propostas para o bairro de Poblenou em Barcelona, com o Projeto 22@BCN, tinham como objetivo transformar trechos em locais renovados e dinâmicos urbano e economicamente. 
Sob a mesma ótica, cidades latinas estão trilhando caminhos semelhantes e com soluções adequadas a nossa realidade e história de ocupação. Buenos Aires reconstrói sua área próximo ao centro histórico com uma nova dinâmica: Puerto Madero tornou-se referência de requalificação urbana em zonas portuárias degradadas. Assim como as intervenções urbanas colocadas em prática desde 2004, após a eleição do político e professor Sergio Fajardo ao cargo de prefeito de Medellín (2004-2007), na Colômbia, para levar esperança à população e uma cidade mais justa a todos. 
O Brasil vem buscando repensar suas cidades e encontrar soluções aos problemas que enfrentamos a décadas com a degradação do tecido urbano. Nossas cidades sofrem progressivamente com a falta de espaços públicos de qualidade e destinados ao usufruto do cidadão. Infelizmente, nas últimas três décadas vimos poucos exemplos de um planejamento urbano pensado de forma integral. Em sua maioria, se limitaram em reconstruir edifícios sem nenhuma relação com a cidade efetivamente pública. O mercado imobiliário se impôs como o ator principal desta dita "cidade mercantil", em que o valor da vida em comunidade se resume em condomínios cada vez mais isolados do espaço público e sem nenhum compromisso com os deveres de uma cidade compartilhada. 
Apesar do grande avanço com a promulgação do Estatuto das Cidades, em 2001, e a implementação de um conjunto de instrumentos urbanísticos que garantiriam ferramentas capazes de transformar as cidades e garantir o reequilíbrio urbano e social, após mais de uma década e meia de implementação, raros locais se beneficiaram de determinados instrumentos essenciais para a devida transformação da morfologia urbana necessária. E este será o grande desafio adiante, no qual nos dedicaremos a refletir junto com nossos leitores: um planejamento urbano eficaz sem perder a dinâmica imobiliária necessária!