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Jornal Diário de Suzano - 19/04/2024
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Coluna

Profissão: Advogada

09 julho 2018 - 23h59
Desde pequena me imaginava como advogada é certo que os tempos eram outros e a Justiça era respeitada e seus representantes também.
Amigos de meu pai eram advogados e não me lembro de mulheres que trabalhavam nessa área quando era criança. 
Advogados faziam parte da elite, possuíam escritórios com prateleiras carregadas de livros, alguns tinham a lombada gasta de tanto ser manuseado. Eram lidos e buscados com frequência, para informar, tirar dúvidas, tudo era encontrado em suas páginas fosse para a defesa e até para a acusação.
Parecia que não havia nenhuma especialidade, todos conseguiam atender em qualquer área, assim como os médicos de antigamente, davam diagnóstico de todos os problemas de saúde que atendiam.
Com o passar do tempo começaram as especializações, para quem militava no Direito e na Medicina, tudo foi ficando mais complexo com o progresso.
Quando me formei, a base que nos era dada nos bancos escolares era muito boa, saíamos da faculdade bem municiados de teoria, pronta para ser colocada em prática, até porque tudo era obtido nos livros, não havia outro método. Tínhamos mesmo que estudar e muito.
O aprendizado mais difícil era realmente atender o cliente e buscar o seu direito na história que nos contava. Jovens, cheios de alegria, muitas vezes não percebíamos com clareza todo a gama de sofrimento que carregavam no olhar ou mesmo a raiva ou a mágoa que tentavam nos transmitir.
Isso fomos obtendo com o atendimento cotidiano, com a frequência às salas de audiência dos fóruns, que foram nos amadurecendo. Foi olhando as atitudes do nosso cliente, o seu olhar trocado com a parte que foi nos fazendo aprimorar esse entendimento e nos dando condições de aperfeiçoamento.
Eu acabei me decidindo pela área da família, onde a sensibilidade tinha que estar sempre à flor da pele, para perceber nos mínimos detalhes toda dor que nos traziam, não só para compartilhar, mas para ajudar, para resolver e muitas vezes para mudar o curso de uma decisão tomada intempestivamente.
Muitas vezes no escritório, com as partes estressadas por discussões oriundas da convivência, ouvindo como médica ou psicóloga e, buscando no coração e no Direito a solução, que muitas vezes não precisava ser apresentada à Justiça, podia ser resolvida ali mesmo, com a intermediação e o incentivo ao diálogo. Era uma alegria imensurável quando podíamos auxiliar e ver o amor retornar aos olhos de um casal que estava prestes a se separar.
Hoje, militando há alguns anos nessa mesma área, quando ouvimos a pessoa já conseguimos muitas vezes definir o que de fato aconteceu em sua vida que ocasionou o estremecimento e a quebra de laços fortes do amor e como antigamente, muitas vezes uma conversa ou a paciência para ouvir ajuda na recuperação de muitas uniões que voltam a se entender e viver felizes.
Os tempos mudaram advogar como nos velhos tempos não é fácil, a concorrência da internet e de tanta informação parece que nos torna superados.
Entretanto, eu continuo acreditando na profissão que abracei e me orgulho imensamente de ser advogada.
Afinal advogar é fazer uso de outro tipo de medicina, aquela das Leis e na área da Família pode ainda resolver situações que geraram muita dor.