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Jornal Diário de Suzano - 18/04/2024
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Coluna

Recordando

16 setembro 2019 - 23h59
Em certos momentos ouvir música nos enleva e transporta para outro tempo, outro momento de nossa existência.
Viajamos no som que entra pelos nossos ouvidos e atinge nossa memória e nesse momento gostaríamos que o tempo voltasse, e que pudéssemos viver novamente aquelas sensações que agora relembramos com carinho.
E não é só a música que pode nos transportar, pode ser um cheiro, um sabor, um lugar... São tantas pequenas lembranças armazenadas em nosso cérebro que se reacendem e fazem nossa memória reativar coisas que já estavam esquecidas de tão bem guardadas que se encontravam.
Muitas vezes essas recordações nos trazem de volta uma felicidade incomparável, o desejo de que naquele instante o mundo tivesse parado para que pudéssemos usufruir para sempre daquele bem estar e de paz interior, da companhia e da felicidade que tomava conta de nosso ser.
Um cheiro de café ao amanhecer por vezes nos relembra longas conversas com alguém que nos foi especial e que por inúmeros motivos já não mais se encontra ao nosso lado. Pode também nos recordar a infância numa mesa acompanhada dos irmãos e dos pais, as orações matutinas, o sabor inigualável do bolo simples feito pela nossa mãe ou daquele pão caprichado feito em casa.
Nosso cérebro é um imenso cofre de lembranças, são tantas que algumas precisam de motivos especiais para ser reativadas, mas basta às vezes um pequeno incentivo externo para que fluam e nos façam sentir as mesmas emoções de tempos idos.
Eu particularmente amo acordar certas lembranças que fazem bem para a alma e para o coração e, que parecem espichar nossa existência por reviver coisas que em determinado tempo de nossa vida foi importante e nos fez felizes.
Alguns sons me trazem a lembrança de papai, que gostava de colocar um disco na vitrola, nos momentos de calma e usufruir a música, aparentando fazer longas viagens, com os olhos semicerrados, por vezes tamborilando os dedos no compasso musical... Nesses momentos gostava de observar, pois, quando abria os olhos lançava um sorriso doce e nos abraçava carinhosamente e muitas vezes nos fazia de confidente e nos contava no que pensava enquanto ouvia aquele som agradável.
Outra lembro minha mãe cantarolando enquanto sentada à máquina de costura consertava as roupas das crianças endiabradas que davam cabo rapidamente de blusas que eram puxadas nas corridas de pega-pega, causando sempre algum estrago que iria merecer um remendo e umas broncas, que emanavam em tom suave daquela boca que ora cantarolava, ora nos chamava a atenção, num tom que mais se assemelhava a um afago.
A infância tem cheiros, sabores e sons que são relembrados principalmente quando viajamos para o interior, pois, ali parece que o tempo não passou e a memória é reativada pelo simples cheiro do feijão que cozinha no fogão de lenha numa casa próxima, na imagem da criança que tranquilamente vai e vem num balanço simples feito numa árvore ou corre despreocupada atrás da galinha que cacareja e foge desordenada...
E assim recordando os bons momentos que já vivemos, prolongamos nossa existência.