Dezembro vai finalizando. E vamos revendo o ano que se encerra. Especialmente em nosso País temos de ter esperanças. Mesmo depois de todo radicalismo que envolveram as últimas eleições. Precisaríamos, precisamos, de mais calma.
Tomara que esse equilíbrio necessário se faça presente. Já vivi absurdos demais. Não tenho mais idade para tantos. Resta-me a esperança de ver a tranquilidade se estabelecer e dominar.
Dezembro me traz belas lembranças. Ainda que algumas dores tenham sido marcantes. Mas sempre vou buscar as alternativas.
Em um dezembro sempre concluímos partes dos nossos estudos no hemisfério sul da nossa terra. E isso marca nossa vida, o aprendizado da nossa vida. Em um dezembro também iniciei uma nova fase da minha vida pessoal, como também familiar, casei-me com minha parceira. Quase meio século nos une.
Ah, os Natais da minha vida! Foram muitos, claro, no tempo em que me exponho. Expectativas e esperanças. Até hoje, curto muito, não pelos presentes materiais, mas pelos sonhos que nos oferecemos.
Sei que perdi meu pai num 31 de dezembro. Vivia fora do meu País. Nem sabia que ele estava doente. Ele não deixou que me informassem. Soube só em fins de janeiro. Lembro a imagem forte de meu pai, o corpo ereto, espadaúdo. Não consigo imaginá-lo frágil, num leito de hospital, a sucumbir numa data tão forte.
Ocupou-me uma imensa sensação de vazio a me devorar. E isso hoje parece-me como um ruído afastado, está longe, muito, muito longe no espaço, tão longe no tempo, mas ainda como se quisesse me bloquear a garganta. Ao mesmo tempo me vem a sabedoria que me passou sempre.
Meu pai foi um grande mestre na minha vida. Se ainda me orgulho da minha postura ética, fui iniciado desde pequeno por ele, por seus exemplos, por suas posturas.
Aprendi também que viver em sociedade é intercambiar, saber trocar com o outro. Saber respeitar o outro, tanto quanto se quer ser respeitado. Aquela tal de tolerância que se faz necessária na sociabilidade. E isso tem de se aprender também, ninguém nasce sabendo, e se aprende, quem sabe lá, prioritariamente, em casa.
Os pais são modelos, ou por outra, podem chegar a ser, é claro.
Minha mãe adorava ler. Talvez tenha aí aprendido alguma sensibilidade nas possibilidades de interpretação dos textos. Mas foi com meu pai que comecei a aprender a escrever.
Dele, certamente, recebi esse respeito, esse carinho pelos dicionários, esse reconhecimento pelo vocabulário. Aprendi com ele, mesmo sem saber durante o aprendizado, que a linguagem, essa invenção humana, é o universo em que nos fabricamos, em que nos recriamos a cada dia, ou nos tornamos presas da imitação, simples reprodutores.
Todos nós aprendemos o tempo todo. É só darmos a atenção devida. Aprendemos com o bem, com o bom, com o mal, com o mau. E nos finais das fases, como na véspera de entrada em novo ano devemos nos dar conta do quanto ainda temos a aprender mais adiante.