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Jornal Diário de Suzano - 19/04/2024
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Coluna

Tolerância

16 novembro 2018 - 22h59
Ao pensar, não somente nas mudanças, mas nas exibições de pensamento e de postura que estão ocorrendo neste momento no Brasil, fui levado a lembrança da Revolução Francesa. E me veio à mente o seu lema ainda hoje revolucionário: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Claro, fui levado também a retomar uma consciência, do quanto os homens tem dificuldade para se respeitarem como irmãos de espécie. Pois não se veem como iguais. E assim, não se vendo, são incapazes de reconhecerem o direito de liberdade dos outros também em suas escolhas.
E quando nos concentramos em algo, parece que as coisas se juntam. Seria coisa da tal de maturidade? O que sei é que acabei encontrando uma crônica que escrevi há uns vinte e tantos anos. Retomarei alguns trechos aqui.
Um fato é que o que mais me impressiona nos anos de maturidade é a dificuldade que encontramos de tolerar. Sei que fui chefe por muitos anos. Mesmo defendendo o perfil da Liderança em lugar do Comando, acabamos adquirindo um tom de voz que revela nossa condição. Assim, mesmo um pedido pode parecer um mando. E tantos gostam disso. Muitos se sentem mais seguros se tiverem sobre si uma fala de pulso forte. E então vamos assistindo a Intolerância se expor. Em Política, então, isso se radicaliza nas oposições. Na verdade, a Intolerância não é o grande mal do nosso século. A História da Civilização dá-nos conta de que sempre fomos muito intolerantes. Os exemplos apenas se repetem, especialme nte os mais vis.
Pensemos no que nos leva a não sermos capazes de respeitar os outros em suas ações, em suas ideias. Será pela razão de nos vermos como melhores que as outras pessoas? E por que seríamos melhores que qualquer outro? Que verdade será a nossa que a torna melhor e maior que uma outra? Sobram-nos as paixões, as ilusões que nos cegam. Sempre nos sobra o preconceito. Nada nos revela mais frágeis do que quando exibimos o preconceito.
Por que será que não conseguimos nos colocar no lugar do outro? Por que não conseguimos ver pelo ângulo do outro? Por que sempre nos recusamos a tentar explicar aos outros as nossas compreensões? Será que temos argumentos razoáveis e suficientes para justificar o que dizemos acreditar?
Será que somos capazes de reconhecer que o nosso limite é a nossa consciência? E será que este grande juiz do ser humano, que é a sua própria consciência, permite que dominemos verdadeiramente nossas vontades e nos superemos? Será que nos damos conta de que por vezes confundimos Ideologia com Filosofia, confundindo Fins com Princípios? Será que temos plena consciência de que o que defendemos é realmente Ético, que sabemos para quê e para quem é seu propósito? Será que sabemos se o que propomos é efetivamente Justo?
Tolerar é ser capaz de compreender o outro, mesmo na sua falta de razão. É ser capaz de tentar ajudá-lo a superar-se, porque as pessoas são maiores e mais belas do que elas mesmas até possam se ver. Isso é ser correto o bastante na construção Justa e Perfeita dessa Arquitetura Divina que é o Ser Humano.