De acordo com a lei mosaica, os inimigos deveriam ser tratados a "ferro e fogo". "Ame os seus amigos e odeie seus inimigos"; "Olho por olho e dente por dente". No entanto, quando Jesus andou por este mundo, ensinou uma nova forma de tratar os inimigos. Primeiramente, Ele nos mandou amar os inimigos. Parece impossível, não é mesmo? Todavia, se Ele mandou, é possível. Vai depender muito da nossa disposição para cumprir o que Ele ordenou. Além disso, Jesus nos ensinou a orar por aqueles que nos perseguem. (Mateus 5:43-48) Aqueles que nos perseguem estão "doentes" emocional e espiritualmente; por isso, precisam de nossas orações. A oração pode transformar situações. Quando oramos por nossos "inimigos", permitimos que a luz de Jesus entre em seus "duros" e resistentes corações. Também começamos a enxergar os nossos inimigos com outros olhos - olhos de amor, graça e misericórdia. Afinal de contas, é assim que Deus nos olha. Enfim, a oração muda o outro, mas primeiro muda a gente.
A Bíblia ensina que "sempre que estiver ao nosso alcance, devemos ter paz com todas as pessoas". (Romanos 12:18) Mas não podemos negar que existem pessoas com as quais a convivência é difícil. Bom seria que todos fossem nossos amigos! No entanto, nem sempre é assim. Como tratar os "inimigos"? Como conviver com aqueles que nos perseguem? Jesus nos ensinou a andar "a segunda milha". O que isso significa? Sob a dominação dos romanos, os judeus poderiam ser recrutados para carregar a bagagem de um legionário (soldado), que se encontrasse em viagem, até o limite de uma milha. É fácil imaginar a revolta que tinha esse israelita por ser obrigado a caminhar ao lado de um "gentio" arrogante uma milha de estrada poeirenta de sua terra natal. Era um caminho de humilhação. Quando Jesus trouxe o ensinamento da segunda milha, Ele estava dizendo que precisamos ser pacientes, longânimos com aqueles que nos perseguem. Ir além do esperado, ainda que isso custe passar por cima de nosso ego.
Desde que o mal entrou no mundo, os choques de valores começaram a existir. Caim, por exemplo, tornou-se inimigo de seu irmão, Abel, movido pela inveja. Esse sentimento tão negativo o levou a matar o próprio irmão. Os irmãos de José, também por inveja, deliberaram matá-lo. Acabaram por vendê-lo como escravo a uma tribo de midianitas. É mais difícil e doloroso, quando "os inimigos" estão no seio da própria família. Aí, sim, a dor é muito maior.
O cristão deve deixar uma marca diferente por onde passa. Ele deve ser diferente em seus valores, em seu comportamento, em suas escolhas; ele é diferente de dentro para fora. Não estou afirmando que seja fácil amar aqueles que nos fazem o mal. Somos humanos. Ficamos tristes, ressentidos, irados, como todo mundo. A diferença é que não podemos permitir que esses sentimentos negativos criem raízes de amargura dentro de nós. O orgulho nos impede de orar e perdoar os inimigos. Mas, com humildade, é possível submetermos a nossa vontade à vontade de Deus e controlarmos nossa ira, deixando de dar vazão aos impulsos vingativos da natureza humana. Jesus deixou um "novo paradigma" de relacionamento, cuja base é o amor e o perdão. Esse é o caminho da segunda milha!