Em meados de janeiro visitei o Viveiro-Escola da União de Vila Nova nas proximidades de São Miguel Paulista. Trata-se de um espaço de formação em educação ambiental, no qual os principais protagonistas são as moradoras e representantes do bairro de União de Vila Nova. O viveiro-Escola procura a partir de sua ação educadora, promover as pessoas e o território em que está localizado, fomentando ações de desenvolvimento local, dentre as quais: recuperação de áreas degradadas; paisagismo e jardinagem comunitários; produção de mudas; aplicação de técnicas em compostagem; educação ambiental; e permacultura e sistemas agroflorestais.
O projeto do Viveiro-Escola teve início em 2009 e contou inicialmente com dois grupos: um de mulheres, moradoras locais, que queriam dar destino mais adequado a um resto de terreno, feio, sujo, entulhado com as sobras de material da construção do conjunto habitacional local; outro, organizado na forma de cooperativa de triagem e reciclagem de resíduos sólidos chamado Nova Esperança, constituído de moradores locais que viviam da coleta e comercialização de resíduos recicláveis. Portanto, a origem do Viveiro-Escola está associada ao esforço de recuperação ambiental da área.
Atualmente, no Viveiro-Escola há o Grupo de Agricultura Urbana (GAU) e o Coletivo Mulheres do GAU, ambos atuando com agricultura a partir da permacultura. Além de plantar, as mulheres do GAU beneficiam seus produtos e prestam serviços por meio da preparação de cafés e almoços para eventos e festividades com base na culinária orgânica e vegana.
O GAU é composto por nove pessoas, das quais sete integram o grupo "Mulheres do GAU". Há três integrantes que participam do Programa Operação Trabalho (POT) e recebem uma remuneração mensal de R$ 1.000,00 da prefeitura municipal de São Paulo, por meio do Projeto "Horta e Viveiros Urbanos". Dos três "bolsistas", um faz partes das "Mulheres do GAU". As demais pessoas são moradoras de União de Vila Nova e trabalham voluntariamente no Viveiro. Todas as "Mulheres do GAU" recebem recursos mensais provenientes da comercialização de produtos da horta e dos alimentos orgânicos produzidos em feiras, eventos, visitas de grupos ao Viveiro-Escola e oficinas realizadas. O Viveiro-Escola conta também com o apoio e assessoria técnica da Equipe Social da CDHU.
Do ponto de vista físico, o Viveiro-Escola ocupa um terreno com menos de 2 mil m², tem estufa, área externa para plantio, produção de mudas, compostagem e edificação para área administrativa e cozinha, espaço para a realização de oficinas e banheiros masculino e feminino.
Em 2018, com as bolsas POT, manutenção do espaço físico do viveiro, serviços de transporte e carreto de materiais, além da aquisição de materiais/equipamentos e insumos foram gastos aproximadamente R$50 mil no Viveiro-Escola.
As informações mais gerais sobre o Viveiro-Escola são descritas com certa facilidade. A acolhida, as dicas sobre plantio e compostagem, a aula sobre as "Plantas Alimentícias Não Convencionais" (PANC), comida de pobre com nome moderno, a disposição de trocar conhecimento, ensinar e aprender, relatar aprendizados e contar histórias das "Mulheres do GAU" são indescritíveis.
Que movimentos populares de ocupação de espaços urbanos, hortelões urbanos, professores e alunos, gestores públicos e líderes comunitários visitem o Viveiro-Escola e tenham a oportunidade de aprender com as "Mulheres do GAU", inspirarem-se e, oxalá, encontrar caminhos para adaptar e replicar a experiência.