Sempre tivemos animais em casa. Desde que eu e minha mulher éramos pequenos. Isso fazia parte da vida. Morávamos em casa. Vários sempre nos acompanhavam. E sentíamos falta se não estávamos juntos. Nossos filhos foram criados assim. E minhas netas também. Agora todos da família moramos em apartamentos. Isso impõe algumas restrições, claro. Mas como deixarmos de conviver? Vamos nos adaptando.
Há pouco mais de um ano perdemos a nossa querida Mel. Saudades nos acompanham. A Mel era uma cadelinha pequena que sabia bem dos seus direitos, ainda que, como nós brasileiros, por vezes, esquecemos dos nossos deveres. Era uma dachshund, que muitos chamam de basset, com pelo liso e marrom, como mel (daí seu nome), que suportava o calor de até uns 30º C. Mais que isso é demais, como a todo paulista. Por isso, levá-la ao litoral no verão, só quando não havia alternativa. Sofrimento não! A Mel nos acompanhou pelos seus quase 15 anos. Idosa, tinha lá suas sensibilidades. E um dia ela parou. Foi-se. Triste isso. Uma perda na vida da gente.
Há quase dois anos, estávamos sozinhos, sem a Mel. Uma amiga nos ligou falando de uma possível adoção. Foi impactante. Minha mulher, minha filha e eu nos emocionamos. Fomos ver.
Recém nascida uma cadelinha branca, magrinha, um tanto peludinha. Raça? “Tombe late”! Ao nos ver ela se aproximou com o rabinho abanando. Como recusar? Saltitante. Que outro nome? Pipoca, claro! Ela parecia pedir atenção. Pedia carinho. Vinha e ficava junto de cada um de nós. Minha filha assumiu. E assim ganhou dois avós. Entrou para a família.
Era verão. Vamos para a praia? Como se faz?
Há vários anos escrevi sobre uma conversa com meu querido amigo, Dr. Alexandre Queiroz, renomado veterinário de Suzano. Ele explicou-me alguns cuidados que devemos ter com os bichinhos. Insolação pode matá-los, eles não tem glândulas sudoríparas, como os humanos. Sob muito calor, exibem sua condição, boca aberta, respiração ofegante, deitam-se no piso com as patas traseiras abertas, bebem mais água e pedem sombra. Mas, não esquecer, ar-condicionado também resseca o ar.
E acabei lembrando daquelas coisas de quem vive em casa às vezes faz, indevidamente, como dar água para o cão na mangueira. O Alexandre alertou sobre isso, também. Os cães bebem até não conseguirem mais. Eles não dispõem da nossa racionalidade para parar e acabam inchando o estômago, que fica pesado. O que pode até lhes provocar uma torção gástrica.
Como sempre ouvi dizer que o cão não deve tomar muito banho, interroguei a respeito. No verão a quantidade pode ser aumentada, mas com cuidados especiais. Ainda assim, não deve ultrapassar um por semana, com xampu suave. Mas o Alexandre aconselha, sendo o caso de um dia especialmente quente, com o animalzinho ofegante e em situação visivelmente desconfortável, cabe molhar o corpo para refrescá-lo.
O calor já vai chegar de novo. Temos de cuidar dos nossos.
A Pipoca já está mocinha. Continua a brincalhona de sempre. Toma a nossa atenção. Que bom para todos!