Como deixar de visualizar o que se passa em nosso mundo? Estamos cercados. Muito nos amarra. Mas como deixar de pensar nos ciclos que nos envolvem? O Verão está aí terminando. Como nos despedir? Que perspectivas temos para o Outono que surge neste fim de semana?
São nas palavras do leitor que sentimos o carinho que nos une através do que escrevemos. Isso tudo é importante, é intercâmbio, é troca sensível. É quando percebemos como e quanto somos entendidos, percebidos, sentidos.
Gosto de receber essas manifestações dos leitores que me achegam por telefone, e-mail, redes sociais ou pessoalmente, na rua. Percebo sempre carinho, mesmo nas críticas do que alguns acham que deveria ter dito. E tudo isso é interessante num jornal. Assim se vai fazendo a crônica. Na semana passada um amigo leitor, na rua disse-me que lia meus textos há uns trinta anos. Disse-lhe que escrevia no jornal Diário de Suzano desde 1978. Naquele tempo só o Ticão (onde ele anda?) escrevia suas piadas com regularidade. Depois, aí pelos anos de 1990, com a Jornalista, Professora, Simone Leone, passamos a ter regularidade semanal.
Lembrei agora de ter conversado, há uns anos, ainda era professor, com alguns estudantes de Letras da Região, que me perguntaram sobre o significado da crônica de jornal ou revista. Queriam saber da importância disso.
Achando que a crônica tinha mais a ver com jornalismo do que com literatura, queriam saber como eu me colocava diante disso. Não era a primeira vez, esse tipo de questionamento já me fora feito em outras oportunidades. Talvez por isso acho que devo tentar agora dizer alguma coisa.
A crônica tem a ver com nossa noção de tempo, seria uma narrativa sobre algo que passou ou que passa. No jornal trata da atualidade. O autor pode escrever na primeira pessoa e deve ter autonomia suficiente para não ser editado (sofrer modificações no texto) sem autorização expressa. Portanto, não é estritamente jornalismo, cabendo ser visto como literatura.
Por outro lado, existem crônicas que correspondem a comentários jornalísticos, as tais “colunas” que tratam de temas jornalísticos comentados sob visão individual, quase sempre, redigidas por jornalistas experientes.
No entanto, muitas crônicas são artísticas, quando o autor manifesta uma expressão mais estética sobre um instante, um fato, um dado do cotidiano. Essas, quase sempre são manifestações elaboradas por escritores e poetas.
De todo jeito, o jornal não pode só passar notícias, deve mostrar o comentário, a análise, a crítica, mas também o poético, o artístico, o estético, buscar também dizer de forma bela uma interpretação do cotidiano. Isso não restringe o jornal, ao contrário, amplia-o. Como faz o DS.
Por isso, muitos autores de crônicas acabam juntando material e editando publicação em livro. Evidente, já tenho material para isso e um dia, com apoio, vamos fazê-lo.
Agora que o Outono se aproxima, entre notícias de guerra e pandemia, pensemos nos tantos instantes felizes que passamos.